terça-feira, 30 de abril de 2019

Favoritismo



E como na primeira rodada de dois brasileiros atrás era pior, todos cravavam a queda inevitável e acabamos, ora pois, na Libertadores; como em 2017 perdemos de 4 a 0 pro Palmeiras então campeão, também no estádio deles, na estreia, há meios de sobra para acreditar, dando bananas apaixonadas para os fatos, entre eles o placar, que o petardo de Bruno César de fora da área, depois do cruzamento do Yan Sasse e da aparada precisa do Marrony, de primeira, foi o gol do título.

Então tá, perdemos. Primeiro a Taça Rio, na cabeçada do Arrascaeta no último minuto; depois o Carioca, que teve no último jogo, na finalíssima, o erro do apito a favor deles, da arbitragem e também agora do VAR, que não viu o impedimento do megaultrasuper atacante dispensado pela Inter de Milão no início da jogada que deu na falta no próprio Gabriel, vulgo Gabigol, e daí o cruzamento para o gol, de fato, de Arão quando o Vasco, dizem, era melhor.  Nem com trilhões de diferença nos orçamentos dos dois, nem incensado pela mídia como impossível de ser batido no Rio, senhor absoluto do estado que não ganha Libertadores há 21 anos, desde o Vasco, e não ganha título continental algum há 19 anos, desde a Mercosul, de novo, desse tal de Vasco, nem com todas as vantagens técnicas, financeiras e da cobertura midiática o coirmão da Gávea consegue ganhar da gente em final sem um errinho, mesmo que discreto, da arbitragem.

Não foi uma bola que entrou trinta centímetros e o juiz de linha, a milímetros do lance, não viu. Não foi um impedimento clamoroso no último minuto da decisão que o juizão, torcendo loucamente por dentro, não marcou porque acompanhava a bola que antes, caprichosamente, bateu no travessão. Não foram nem as cortadas nem os puxões escandalosos do Willians, nem um carrinho de Léo Moura, de pés juntos no tornozelo adversário, tido como jogada normal, segue o jogo, nem um dos duzentos e trinta e oito mergulhos do mesmo lateral dentro da área adversária, estes, sim, quase todos assinalados. Foi só um impedimento claro no início da jogada que geraria a falta, que o VAR poderia ter marcado, mas não marcou porque também ele, todo-poderosos VAR, já sofre a pressão da famosa flapress, que, nesse caso, começou no primeiro jogo da final do Carioca.

O jogo já estava 1 a 0 pra eles, no segundo tempo, quando um dos atacantes multimilionários do supertime rubro-negro chutou a gol de dentro da área e a bola, que iria parar, talvez, na bandeira de escanteio, foi desviada por Werley e sobrou pra Bruno Henrique que, literalmente, saiu de dentro do gol, atrás até do goleiro, pra botar pra dentro. Como, em tempos de VAR, não há bandeirinha vivo que tenha a ousadia de levantar seu instrumento de trabalho diante dos incríveis artilheiros rubro-negros, mesmo que alguns deles estejam quatro ou cinco passos à frente do penúltimo homem da defesa, o lance correu e o juizão, por incrível que pareça, primeiramente validou o gol. Então veio o VAR e, claro, anulou a jogada, e aí entrou em cena o comentarista de arbitragem da Globo, abalizado por seus colegas de transmissão e todos os outros das outras emissoras depois, pra mostrar até onde pode ir a imaginação humana na tal da “interpretação” das regras para alimentar a narrativa que, por coincidência, claro, sempre favorece um time e prejudica outro no confronto entre Flamengo e Vasco.

No desvio de Werley, começou outra jogada. Esta foi a teoria usada por sua senhoria, o comentarista de arbitragem, pra condenar a decisão do VAR, ele que, pra reforçar, falou em “erro técnico” do zagueiro cruzmaltino, bem de acordo com o que se diz na mídia sobre o Vasco desde (coincidência, coincidência) o arrocho financeiro e o desmonte do time tetracampeão brasileiro com o SBT na camisa, desde então não há temporada começando sem que os analistas apontem que o time vascaíno é limitado tecnicamente. Então o atacante armou o chute da entrada, o zagueiro correu pra tentar interceptar, o chute saiu errado, a bola desviou na perna de Werley e nesse desvio começou outra jogada, segundo o ex-juiz de arbitragens calamitosas, algumas delas, notadamente, contra o Vasco.

Segundo essa tese "interpretativa", se o atacante chutar de fora da área e o goleiro espalmar pra frente, e a bola sobrar no pé de um sujeito impedido a nove, dez metros na hora do chute, e esse cara balançar a rede escancarada pra ele, o gol pode ser validado, sim, porque o juiz pode interpretar que na defesa do goleiro começou outra jogada, ou não? Vá saber. O que se sabe é que todos os especialistas, praticamente, compraram a tese do comentarista de arbitragem e cravaram todos, convictos: o VAR errou.

E na decisão, de fato, o VAR não chamou pra mostrar que Gabriel estava impedido à beça quando recebeu a bola na lateral, antes da falta. Gol, e depois outro, e o Carioca virou de novo Libertadores, com narradores em êxtase, a torcida em festa e o deputado que quebrou a placa da Marielle de novo no gramado, na celebração do título mais charmoso, sem nada daquele discurso na mídia de que o Estadual tem de acabar muito ouvido, por exemplo, em 2015 e 2016.  Ao Vasco restou a Copa do Brasil, três dias depois da final e contra o Santos, em mais uma coincidência incrível nesses sorteios da CBF.

Em todo este Brasilzão querido, do Oiapoque ao Chuí, de Fernando de Noronha ao ponto mais a Oeste do Acre, só o nosso querido Vasco da Gama jogou a final de seu estadual entremeada com um clássico nacional fora de casa, de mata-mata de Copa do Brasil, e na Vila Belmiro, contra o Santos, este, aliás, o único clássico dessa magnitude na quarta fase do torneio. Final de Taça Rio, nos pênaltis, Avaí fora, em Santa Catarina, final de Estadual, depois Santos na Vila Belmiro, final de Estadual de novo e o Santos na volta, enfim em casa, em São Januário, tudo quarta e domingo, em sequência e o zagueiro mais experiente, capitão, se machucou no comecinho, o goleiro que vinha muito bem estuporou a panturrilha e mesmo assim o time jogou muito sob o comando do Marcos Valadares, o técnico da campanha de dar gosto na Copinha que teve o garfo de sempre deixado, este ano, pra finalíssima.

Com a torcida gritando, incentivando sem parar, com o Caldeirão fervendo vencemos sem levar a vaga, jogamos melhor, lutamos até o fim e o time saiu aplaudido, de cabeça erguida, e é bom lembrar que se for assim no Brasileiro, serão mais três pontinhos, e se conseguimos contra o time do Sampaoli, que estreou no campeonato ganhando de 2 a 1 fora de casa, do Grêmio, podemos ganhar em casa também do time do Renato, como fizemos no ano passado, a propósito, e de quem mais vier jogar em São Januário, nossa casa erguida por nossa gente, com nosso dinheiro, única, linda, de pé há 92 anos.

Sim, perdemos na estreia e não foi de pouco, derrota mais que prevista em termos históricos, infelizmente, com transmissão ao vivo da Globo, diretamente do estádio com gramado de campinho de condomínio, mas tomamos também quatro gols no primeiro jogo do Brasileirão de 2017, e acabamos na Libertadores mesmo com o braço de Jô, a mão de Éverton Ribeiro e o tumulto armado que interditou nosso estádio no ano em que celebrávamos seus 90 anos. E naquele ano havia também as mesmas previsões terríveis, vaticínios inescapáveis de dez entre dez especialistas, ainda que agora o pudor de jornalistas e afins esteja bem menor.

Um deles, de óculos, saiu-se com a tese rentista, financista xiita, segundo a qual não há mais doze grandes clubes no Brasil, sem falar do Bahia, do Atlético Paranaense, do Sport e do Coritiba. O que vale é o dinheiro, somente, o poder de compra é quem dita as regras, então o Vasco, minha gente, não é grande, não, avisa o especialista, perfeitamente combinado com o ranking divulgado um pouco antes ou depois na mesma emissora onde ele expôs sua, digamos, teoria.

O ranking é do Campeonato Brasileiro, mas só da época dos pontos corridos, e como o vice vale 70 pontos, e o rebaixamento tira oitenta, o Vasco tetracampeão, bi sulamericano, tá atrás do Fluminense, do Galo, do Furacão e do Botafogo. No jornal impresso do mesmo grupo, dono, na prática, do campeonato, as previsões apontam o Vasco atrás do Fortaleza, mas livre do rebaixamento, na mesma posição, praticamente, do ano passado, e como na primeira rodada de dois brasileiros atrás era pior, todos cravavam a queda inevitável e acabamos, ora pois, na Libertadores; como em 2017 perdemos de 4 a 0 pro Palmeiras então campeão, também no estádio deles, na estreia, há meios de sobra para acreditar, dando bananas apaixonadas para os fatos, entre eles o placar, que o petardo de Bruno César de fora da área, depois do cruzamento do Yan Sasse e da aparada precisa do Marrony, de primeira, foi o gol do título.

Pitacos em itálico

Dá pra imaginar os especialistas elaborando a pauta, o repórter apaixonado pelo queridinho da mídia pensando, pesquisando, fazendo conta mentalmente pra chegar ao editor, igualmente apaixonado pelo mesmo time, e fazer a sugestão: "e se a gente só contasse assim, desse jeito?" O editor então escuta, lembra, calcula e sorri junto com seu subordinado, os dois talvez batendo as mãos um no outro, espalmadas e gritando, na raça, quando descobrem que desse jeito inventado por eles, com toda a lógica das teorias tatibitatis, não só o Zicão nunca perdeu final de campeonato pro Vasco como o placar histórico pra escancarar na edição, favorável a eles, claro, ficou em 7 a 1.


*Sabe o escanteio batido pelo Pedrinho Gaúcho em 82, que gerou o gol do título quase olímpico, não fosse a roçada no cocuruto de Marco Antônio Rodrigues, o Marquinho? Sabe aquele jogo contra o Flamengo de Raul, Leandro, Mozer, Júnior, Andrade, Adílio, Tita, Nunes e Zico, no qual quem vencesse levava o título carioca, aquela atuação sensacional de Acácio, Galvão, Ivan, Celso, Pedrinho, Serginho, Dudu, Ernani, Jerson com J e Roberto, engolindo o tal "campeão do mundo", que vencera o Liverpool um ano antes com falhas bisonhas do goleiro que, anos depois, seria banido do futebol por se envolver constante e reiteradamente em suborno? Pois não foi final, aquilo, vascaínos,é o que diz o jornal do grupo dono do Brasil, ou, pelo menos, do Brasileirão.
Lembra em 87, Romário roubando a bola de Leandro, Luis Carlos Martins cruzando, Dinamite matando no peito, rolando, Tita chegando e estufando a rede do gol onde, antes, no pré-jogo, lá dentro pousou nosso balão? Lembra do Acácio fechando o gol, do Mazinho anulando completamente o tal do Renato Gaúcho, do Zico saindo machucado ainda no primeiro tempo, aos gritos de "bichado", "bichado" e "bichado"? Também não foi final aquilo, galera, segundo o jornalão. As decisões de 82 e 87 não foram finais porque, nos dois casos, se empatasse, haveria outro jogo. Isso mesmo, essa é a tese que fez o jornal encontrar o significativo placar de 7 a 1 para o time queridinho dele no histórico de finais estaduais, no dia do primeiro jogo da decisão deste ano, no Nilton Santos.
A mesma tese já tinha embalado outra conta fabricada pelo mesmo jornal, no domingo da decisão da Taça Rio, que apontava em 31 anos o tempo de jejum do Vasco em decisão de campeonato ou taça contra o maior rival, desde o grande xará, figuraça, Luis Edmundo Lucas Cocada. Não foi final, portanto, segundo o jornal, a Taça Guanabara de 92, em São Januário, com a canela de Carlos Alberto Dias encobrindo, sem querer, o goleiro deles, conquista invicta como todo o campeonato disputado no nosso estádio porque, no Maracanã, morreu gente na torcida do Flamengo, caindo da arquibancada, um ou outro ficou aleijado mas nada disso teve mais alarde do que a festa no Maraca lotado, sem mureta num trecho só da arquibancada, pela conquista do penta que, na verdade, era tetra.
A Taça Rio de 99, com Edmundo celebrando a volta e fazendo, como Romário na Taça GB de 86, os dois num 2 a 0 contra o coirmão da Gávea, também não foi decisão, assim como o Chocolate da Páscoa, galera, 5 a 1, de virada, que decisão que nada, de acordo com a flapress, e dá pra imaginar os especialistas elaborando a pauta, o repórter apaixonado pelo queridinho da mídia pensando, pesquisando, fazendo conta mentalmente pra chegar ao editor, igualmente apaixonado pelo mesmo time, e fazer a sugestão: "e se a gente só contasse assim, desse jeito?" O editor então escuta, lembra, calcula e sorri junto com seu subordinado, os dois talvez batendo as mãos um no outro, espalmadas e gritando, na raça, quando descobrem que desse jeito inventado por eles, com toda a lógica das teorias tatibitatis, não só o Zicão nunca perdeu final de campeonato pro Vasco como o placar histórico pra escancarar na edição, favorável a eles, claro, ficou em 7 a 1.

*Falando nisso, neste mês de abril, mais precisamente no dia 26, comemoramos os 88 anos da maior goleada do clássico Vasco x Flamengo que é, justamente, de sete, mas de 7 a 0, e pro Vasco, então não teve lembrança em jornal, televisão, site ou revista, nem uma linha sequer, nem um centésimo de segundo de programação da grande mídia especializada dedicado ao assunto, mas a Netvasco lembrou muito bem o fato, nesta matéria. Quatro gols de Russinho, um de Sant'Anna, inventor do gol olímpico, e dois de Mário Mattos. O goleiro era Jaguaré, rei de Barcelona, imperador de Marselha, a zaga era a mesma da Seleção na primeira Copa do Mundo, Brilhante e Itália, titulares em 30 como Bellini e Orlando na primeira conquista, em 58. No meio havia Mola, ladrão de bola, e acima de tudo e de todos, Fausto, a Maravilha Negra.
No ataque, Russinho, letra de Noel Rosa, era a grande estrela desse primeiro período de glória do Vasco, que tinha ainda Paschoal, remanescente dos heróis de 1922, 23 e 24, e viria a ter Domingos da Guia e, por breve tempo, Leônidas da Silva, todos os craques de uma era, praticamente, passando pelo sagrado gramado de São Januário onde aplicamos a maior goleada de todos os clássicos contra o atual vice-campeão brasileiro, sete a zero e nada lembrando o fato, a data, na imprensa que recentemente lembrou e relembrou, e exaltou e recontou o recorde atingido pelo rubro-negro da Gávea contra a gente, treze jogos sem perder, em três anos, quando o maior jejum da história é exatamente o dobro, deles, que em seis anos jamais ganharam do Expresso da Vitória, incluindo nesse período o primeiro título de um clube no Maraca, o Carioca de 50 que deu à torcida vascaína o direito de escolher, por 63 anos, o Lado Sul da arquibancada do estádio hoje entregue ao mais querido da mídia e também do governador dos snipers, que, como bom rubro-negro, não gostou de saber que seu cargo não previa o uso de faixa e mandou fazer uma só pra ele, na raça.

*Só o mais insano torcedor do Vasco, como o autor deste blog, pode manifestar algum otimismo em relação ao time neste Brasileirão baseado somente na fé, na crença inabalável no bom senso histórico dos deuses da Bola. Não há técnico, e não sei por que algum vascaíno teria rejeição a Jair Ventura, como dizem notícias por aí. Preferem Dorival, Luxemburgo, Barbieri ou esse outro novinho estudioso do Atlético? Meu preferido é Bigode, ainda, sempre, mas entre todas as opções viáveis até agora levantadas, a melhor é o Jair, de preferência com Antônio Lopes de coordenador, como no Botafogo. Quanto ao time, o dos sonhos atuais, com todos inteiros, jogaria com três zagueiros, Werley, Castán e Breno de líbero, com Pikachu na direita e Danilo na esquerda e no meio, na proteção a tanto avanço, mais dois volantes, Lucas Mineiro e Andrey, com Bruno César com a 10 e, na frente, Máxi López e Marrony. Sem os machucados, tira o Breno e o Castán, volta ao 4-4-2 com o Ricardo na zaga e mantém a proteção reforçada com mais um volante, Raul. E que os deuses da Bola nos protejam.

*O texto a seguir foi publicado no facebook do autor deste blog, no dia 12 de março, quando morreu Eurico Miranda. Fica como o registro mais que necessário dessa figura, queiram ou não, histórica e, no fim das contas, vitoriosa, já retratada aqui no A pauta é Vasco em entrevista feita no auge, no grande, incrível, insuperável ano de 2000 para todos os esportes possíveis, na virada de um milênio.
..................................................     Na CBF, ele criou a Copa do Brasil, abrindo caminho pro campeonato brasileiro com menos clubes, de turno e returno e pontos corridos, como a mídia sempre sonhava. No Vasco, criou um colégio para a comunidade da Barreira do Vasco e, principalmente, para atletas da base do Vasco, um colégio de onde saíram, formados, Philippe Coutinho, Alex Teixeira, Allan, Douglas Luiz e Paulinho, entre outros, todos sem cai-cai, sem marquetagem, sérios, discretos, profissionais, pensando sempre no coletivo.
Na fatídica final do Brasileiro de 2000, em São Januário, quando o alambrado caiu ele foi para o meio do campo, assumiu a responsabilidade, coordenou os trabalhos de resgate e deu a cara, o tempo todo, pra festa das câmeras e dos editores de VT da televisão brasileira, Grobo à frente, que fizeram, para o horário nobre do JN na época, algo parecido com o que já tinham feito no debate final da eleição presidencial de 1989.
Eurico cometeu a besteira da Caravela em 1990, deixou o próprio time confuso, sem saber do que precisava na partida final e perdeu o campeonato carioca. Cometeu outros erros durante sua vida atrelada ao Vasco (a briga de ditador com Luizão na reta final do Carioca de 99, a mesma briga, também de ditador, com Edmundo na reta final do Brasileiro do mesmo ano, as contratações do Wagner, do Rafael Galhardo e do Fábio Baiano...), mas na ponta do lápis, o saldo do sujeito é dos mais positivos da história do clube. Pode botar aí a Libertadores não no ano, nem no mês, mas na exata semana do Centenário, inclui três brasileiros, 10 estaduais, oito Taças Guanabara, 10 Taças Rio, quatro títulos sulamericanos de Basquete, um Mundial Fiba, classificado pra final do torneio em Milão, em 2000, simplesmente contra o San Antonio Spurs das Torres Gêmeas, único clube sulamericano a jogar uma final contra um dos maiores times da NBA, no maior de nossos vices, em todos os esportes. Tem também Liga Nacional de Futsal, com Manoel Tobias, basquete feminino campeão nacional e sulamericano com Janeth, futebol feminino com Martha e tem a maior virada da história do futebol, claro, a Mercosul de 2000, na virada não de um século, apenas, mas de todo um milênio, sem falar no reconhecimento, junto à Conmebol, do Campeonato Sulamericano de Clubes Campeões de 1948, pra todo o sempre o primeiro título continental de um clube de futebol, em todo o planeta.

E as frases? As tiradas? As respostas de bate-pronto, de charuto em punho, que a mídia fingia não gostar, mas na verdade adorava? Me lembro de gargalhar sozinho em frente à tevê aos 17 de idade, na reta final da novela que tirou Bebeto do Flamengo pro Vasco, quando o repórter da Grobo disse a Eurico que Bebeto tinha dito que, àquela altura, só ficaria no atual vice-campeão brasileiro se o Vasco desistisse da compra. Logo em seguida, o repórter fez a pergunta: O Vasco desiste? Diante das câmeras, Eurico entreabriu um sorriso discreto e respondeu com outra pergunta: O que que você acha?
Digam o que quiserem, embarquem ou não na "maioria da opinião pública", mas ninguém pode negar que Eurico foi um grande personagem, um cartola de inteligência muito, mas muito acima da média dos dirigentes profissionais de hoje, que gastam os tubos com consultorias, "administradores de crise", e quando morrem dez meninos da base do clube deles num contêiner com uma porta só e grades na janela, num lugar sem laudo de ninguém, interditado há mais de um ano, nem entrevista coletiva tais dirigentes dão, fazem um pronunciamento, apenas, já pensando em como gastar o menos possível com as indenizações.
No texto do obituário de Eurico, o Globoesporte destaca uma frase dele ("Sou mais importante que o governador") dizendo que foi publicada em entrevista na revista Istoé, mas não foi bem assim, foi quase. A frase foi publicada na extinta revista Istoé Gente. Quem de certa forma a provocou, fui eu, e a entrevista, com a primeira resposta bem típica de Eurico, tá aí embaixo.
Viva Eurico Miranda, sim, e viva o Vasco, claro.

O Vasco, a imprensa e um blog no meio

Vassalo de nobrezas perdidas, a valorizar vitrais e troféus por bom comportamento, entregues por príncipes em nome da fidalguia, o Flum...