Que Barbosa abençoe Martin Silva, que Augusto, Wilson e Rafagnelli se postem junto a Erazo, a Ricardo, que Jorge ilumine Henrique e que Eli faça Pikachu igualá-lo em tamanho, se for preciso; que Danilo guie os passes de Wellington e Desábato, que Ismael sopre a dica do gol a Andrés Rios, que Paulinho honre Chico, Friaça e Ademir e que Lelé encarne em Evander
A culpa é toda deles, dos deuses da Bola, que fizeram do Vasco o primeiro campeão continental da história e setenta anos depois, no redondo da data tão caro às pautas jornalísticas, contra todos os prognósticos dos especialistas, que em uníssono previam luta ferrenha contra o rebaixamento, deram ao time, de novo, a dádiva de disputar o maior título da América, e iniciando a trajetória no mesmo Chile do Campeonato dos Campeões Sulamericanos de 1948.
É hoje, no
Chile, mas não na capital Santiago, onde foi disputado o torneio que mesmo com
quarenta, cinquenta rebaixamentos programados, se for o caso com mudança de
diretoria, manterá sempre o Vasco a justificar o adjetivo usado pela Conmebol
em seu site pra falar do clube, mítico, quando o assunto é disputa de título
sulamericano. O jogo é em Concepción, segunda maior cidade do Chile, onde o
Vasco também já esteve num mata-mata de Libertadores, como mostra a foto acima
do Romário em frente ao colombiano Navarro Montoya, goleiro por muito tempo do
Boca, no duelo com o inevitable goal do Baixinho, mas vencido mesmo por Juninho
Paulista.
O jogo de
hoje não é contra o Deportes eliminado em 2001, mas contra a Universidad de
Concepción, com quem nunca nos defrontamos e por isso, mais do que nunca, todo
respeito ao adversário, concentração total nessa hora em que o time começa a principal
competição da década açoitado sem parar pelo noticiário negativo. A mídia
poderia até, quem sabe, exaltar um pouco a campanha considerada extraordinária,
imprevisível, por ela mesma, mas desde o feito conquistado num São Januário em
festa, depois de atacado e interditado, o que se viu nas tevês, sites, jornais
e revistas, se é que ainda existem, foi só eleição, juíza, polícia, neste
segundo golpe jurídico-midiático em curso contra o Vasco, ainda.
O Globo,
por exemplo, não gastou uma linha da matéria de quase página inteira sobre a
estreia do Vasco na Taça Libertadores da América de 2018 pra falar do
Sulamericano de setenta anos atrás, nem com a bicoincidência do local e da data
redonda, nem quando disse no início do texto que o Vasco tem uma Libertadores,
sem qualquer referência a outro campeonato. Mas o jornal falou de política,
ainda, de urna, HD ou qualquer que seja a estratégia pra emplacar o candidato
que a mídia apoia incondicionalmente, mas que não consegue dizer quem é.
Nenhum
perfil detalhado até agora, onde trabalhou, que projetos realizou, se é casado,
tem filho, se pagou ou não a escola do filho, nada disso foi revelado até agora
pela mídia que pra definir seu preferido, o homem certo para o Vasco no momento
da renovação dos direitos televisivos, do mesmo grupo político que assinou, anunciando
o contrato satisfeito, o rebaixamento progressivo, ano a ano, das cotas do clube
em relação a Corinthians e Flamengo, pra definir seu candidato a presidente do
Vasco a mídia não vai muito além, nunca, do nome dele e de dois sorrisos de
cartaz de político, o do candidato e o do Edmundo.
O processo de
ataque de fora ao Vasco, que continua, incluiu o torniquete financeiro
instituído ao clube pela emissora investigada por tanta propina que o FBI diz
que ela pagou por aí, por tantas décadas, emissora que, dona de fato do futebol
brasileiro, tem por praxe adiantar sempre algum dos contratos aos clubes, ainda
mais na difícil virada de ano, sem mais receita dos jogos e com custos
dobrados. Mas não dessa vez pro Vasco, nada de adiantamento de contrato e o
clube perdeu seus principais jogadores da defesa e do meio-campo, num erro, com
relação ao setor defensivo, dessa vez de Eurico Miranda, porque Anderson
Martins deveria ter o dele garantido não importa como, do bolso da diretoria,
do empresário, tinha que ficar no clube de qualquer jeito como jogador
essencial que era, mas vá saber, vá saber se a saída dele também não é coisa
dos deuses da bola. Afinal de contas, Ricardo está aí, surgindo justamente
agora, e Paulão e Erazo têm pinta, juntos, de futura zaga histórica.
O Chile tem
o deserto do Atacama, tem os lagos andinos e a Ilha de Páscoa, e tem o clima
que a história mostra fazer muito bem ao Vasco. Foram seis jogos lá pelo
Sulamericano de 1948, mais dois na Libertadores, um em 1990, outro em 2001 e
nenhuma derrota, cinco vitórias e três empates. Até as projeções matemáticas, portanto,
estão hoje contra o Vasco que não tem mais Madson, nem Anderson Martins, nem
Mateus Vital nem Nenê, mas tem a camisa, campeã sulamericana antes mesmo da
existência da Libertadores.
Que Barbosa
abençoe Martin Silva, que Augusto, Wilson e Rafagnelli se postem junto a Erazo,
a Ricardo, que Jorge ilumine Henrique e que Eli faça Pikachu igualá-lo em
tamanho, se for preciso; que Danilo guie os passes de Wellington e Desábato,
que Ismael sopre a dica do gol a Andrés Rios, que Paulinho honre Chico, Friaça
e Ademir e que Lelé encarne em Evander; e que a mídia siga o exemplo do Globo
Esporte na tevê hoje, com a bela matéria sobre o primeiro título continental
vascaíno, como já tinha feito há uns anos, sem nem o clube estar na
Libertadores.
Que parem
as máquinas mantenedoras da guerra sem fim no Vasco, que a torcida esqueça as disputas
políticas, os candidatos inflados pela mídia e se concentre no que realmente
interessa. Diretas Já? Agora não, obrigado, quem sabe daqui a três anos, com
respeito ao processo eleitoral, aos beneméritos e sem interferência de fora, de
quem não é Vasco, sem tumultuar o clube ao bel prazer de quem torce contra. A
campanha a receber adesão em massa agora, de todos juntos num mesmo ideal, deve
ser outra, com palavras de ordem parecidas, mas com outro rumo, o rumo do Tri.
Liberta Já!