E no primeiro jogo no Caldeirão sagrado com a estátua do artilheiro máximo da Cruz de Malta, artilheiro maior do campeonato brasileiro em todos os tempos e assim também do campeonato carioca, (...) no gol exato da estátua ali inaugurada explodiu um novo garoto dinamite, Figueiredo, fazendo o gol inaugural de seus quatro, até aqui, como profissional do Vasco, todos golaços, e o primeiro deles no jogo que sacramentou a entrada do clube, para não mais sair, no G quatro.
E o pênalti
foi convertido porque antes trombou Raniel com o goleiro, da mesma maneira que
já tinha trombado contra o mesmo Ituano em São Januário, e também contra o
Londrina, numa das vitórias mais importantes de todo o campeonato, e da mesma
forma que certamente trombou Ismael, igualmente centroavante e negro, contra
peruanos, bolivianos, equatorianos, chilenos, uruguaios e argentinos, fazendo
gol decisivo como o do 1 a 0 contra o Emelec, ou abrindo caminho para outros de
Lelé, Ademir, Friaça e Danilo no maior, para sempre, de todos os títulos. E
negro como eles, Raniel e Ismael, também atacante, trombou antes Claudionor
Corrêa, o Bolão, antes de todos os outros, trombou com os zagueiros adversários
há cem anos, com a camisa vascaína.
Então Andrey Santos, último e atual dessa linhagem de volantes craques, foi expulso, assim como Nelson nada craque em 97, antes do hat-trick com letra e tudo de Edmundo e de Maricá sacramentando o rival goleado, de quatro, assim como Júnior Baiano em 2000, pra tornar mais inacreditável ainda a maior virada de todos os tempos, contra o campeão brasileiro da Série A de 2022, time com o mesmo nome do último adversário do certame de 1922, o saudoso Palmeiras carioca, vencido pelo Vasco por cinco a zero no campo do Andaraí, com dois de Torterolli, um de Cardoso Pires, outro de Negrito e mais um dele, Claudionor Corrêa, o Bolão.
Há cem
anos, Claudionor Corrêa, o Bolão, vindo do Bangu pra virar lenda no Vasco, fez os
dois gols na vitória fundamental contra o Vila Isabel, então nosso maior
adversário, único a nos vencer, um a zero no turno do campeonato, e no returno
a virada, dois a um, do futuro time da virada, assim como foi de virada, a
única em São Januário, a sofrida vitória sobre o Criciúma com Caldeirão sempre lotado,
no jogo em que mais ficou clara, nítida, a vontade dos deuses da Bola, cem anos
depois de Bolão, sobre o desfecho do campeonato, jogo esse no qual mais uma vez
foi decisivo um jogador de 41 anos, ainda evoluindo pelos gramados, e que faria
dois gols num jogo só também, contra o Brusque em casa, os dois de bola rodando
e o toque de maestro, canhoto, craque.
Então Nenê recebeu a assistência meio que escorregando de Edimar, que certamente teve ajuda no lance de Orlando Lelé, de Coronel e de Jorge, e muito provavelmente também do sujeito na sua posição há cem anos, Nolasco. Recebeu no reflexo, porque só deu tempo de deixar a testa na direção da bola e o resto ficou com os deuses da bola que tocou no zagueiro, desviou do goleiro e entrou de mansinho. Então Fábio Gomes, no máximo esforçado, subiu com a perfeição de um Ademir de Menezes, testou com o faro de gol de Vavá e, por que não, com a estrela de Claudionor Corrêa, o Bolão, e até o especialista, na transmissão, afirmou que alguém lá em cima queria muito o acesso do Vasco.
E se o
Nacional do Uruguai tem para sempre um lugar guardado no coração de todo
vascaíno conhecedor da história, pelos três a zero aplicados no todo poderoso
River, La Máquina, que nos garantiu a vantagem do empate na decisão da primeira
taça continental de todas, assim também deve acontecer com o saudoso Americano,
não o de Campos, mas do Engenho de Dentro, único time a conseguir empatar com o
nosso, há cem anos, e que tomou um a zero do Vila Isabel num pênalti no comecinho, mas conseguiu
virar, dois a um, para dar a liderança finalmente, a quatro rodadas do fim do certame,
ao Vasco.
Então
Raniel foi xingado, vaiado, assim como o foi Thiago Rodrigues após a doída
derrota, única em casa, para o Sampaio, mostrando o lado ruim dessa torcida que
carregou o time, de fato, em diversos jogos do campeonato. Raniel já tinha
decidido contra a Macaca, contra o Londrina e o Criciúma, ambos fora de casa,
além de já ter evitado derrotas para o CRB, fora, e para o Ituano e o Vila Nova
em casa, e ainda assim começou e continuava a ser intensamente vaiado, xingado
pela mesma torcida que já ofendeu com a mesma raiva, o mesmo ódio, Fabrício,
Cristóvão Borges e Diogo Silva, sempre, infelizmente, o ódio maior direcionado
a um jogador ou treinador negro.
Em 1922 Bolão anotou 15 gols em todo o campeonato, e em 2022 os deuses da Bola decidiram que acontecesse o que acontecesse, pandemia, terremoto ou SAF, um dos clubes da Série B a subir para a Série A de 2023, cem anos depois de 1923, teria de ser o Vasco.
Pitacos em itálico
*E o primeiro
comentário do especialista loirinho, branquinho, ex-jogador mediano alçado por
alguns empolgados à condição de craque, diante da invasão da torcida do Sport
que arrombou o portão e, entre outras atrocidades, esmurrou e chutou uma
enfermeira indefesa, que socorria feridos no gramado, diante disso o primeiro
comentário do especialista louro, branco e privilegiado foi condenando o autor
do gol, coincidentemente negro, por comemorar diante da torcida adversária com
as mãos nos ouvidos, um gol, a propósito, importante pra, com o perdão da palavra, caralho. E mesmo que depois muitos outros especialistas tenham saído
em defesa de Raniel dizendo acertadamente que nunca, jamais, ele poderia ser alçado
a protagonista do lamentável fato, mesmo com o óbvio ululado, reiteradamente
falado, Raniel foi expulso pelo juiz e pegou, de cara, sem contestação, dois
jogos, mostrando o quanto é forte, certo ou, como nesse caso, errado, o quanto
é poderoso um primeiro comentário.
*E bem antes, logo
após o Campeonato Carioca, a mídia especializada achou uma equivalência entre
1922 e 2022, sem falar nada do título da segunda divisão carioca do Vasco. Pois
a mídia especializada conseguiu juntar 22 e 22, cem anos depois, como os dois
únicos anos nos quais o Vasco não venceu um clássico, mas como clássico em
1922, se todos os outros grandes do Rio não disputaram este ano o mesmo
campeonato que o nosso, se todos sabemos que Flu, Fla e Botafogo jogaram pela
primeira vez contra os Camisas Negras no ano da graça de 1923, primeira
participação e primeiro título no campeonato carioca do Vasco? Pois a flapress
é marota, malandra, e se não fala nunca do Sulamericano de 48, se considera uma
vitória sobre escoceses bêbados com um goleiro vendido mais Mundial que os 4 a
3 no pentacampeão continental Real Madrid de Di Stéfano e cia, em solo europeu,
durante este pentacampeonato, é mole pra eles inventar que o primeiro Vasco x
flamengo não foi o 3 a 1 de virada em 1923 com Bolão também em campo, não, foi, na verdade, o único clássico que o Vasco jogou em 1922, uns 15 minutos de uma pelada de torneio início contra o supermengão que venceu por 1 a 0 e disso eles lembram,
claro, na vã tentativa de mudar a história, sempre contra o Vasco.
*E depois de decidir contra a eleição online
para presidente do varmengo, a Justiça do estado do Rio de Janeiro deu nova decisão
semelhante, dessa vez referente ao pleito para presidente do freguês eterno dos
vitrais das Laranjeiras, dizendo também que o clube sem títulos internacionais
tem soberania para decidir os próprios destinos sem a interferência do
Judiciário que há 20 anos interfere na eleição do Vasco, Judiciário que, a
respeito do nosso clube, aceitou, ratificou e oficializou a eleição numa enquete
online feita por empresa suspeita, que abriu caminho pro novo Vasco comandado,
agora, por um flamenguista, o Vasco da SAF.