sábado, 31 de agosto de 2019

Thalles não está. Viva Talles!

Foto: Rafael Ribeiro/Vasco

O outro Thalles, com 'h', partiu deixando quatro filhos, aos 24 anos. O caçula deles, Pedro, de 1 ano e 8 meses, bombou na internet em video de cortar o coração compartilhado pela mãe, no qual, vestido de vascaíno, reconhecia o pai na camisa do atacante promissor, artilheiro, que não foi o que prometia mas mesmo assim, entre trancos, polêmicas e barrancos, deixou seu nome na história do Vasco.

Parece brincadeira de energias superiores, Deus, Alá, Zeus e demais correlatos reunidos com os deuses da Bola pra decidir esse tipo de coisa. É nesse time mesmo, perguntam as divindades do topo da hierarquia, da cúpula, e os deuses da Bola respondem, convictos: sim, é nesse time, de novo. Então surgiu Thalles, há seis anos, fazendo gol no primeiro toque na bola nos profissionais, em quartas-de-final de Copa do Brasil, no Maracanã, atacante de seleções de base, promissor, autor dos dois gols da virada no jogo mais tenso da história do clube, no último acesso ao lugar de sempre, quando havia, na última rodada, a possibilidade tenebrosa de jogar toda uma Série B sem subir. Thalles também participou da maior invencibilidade da história do clube, mas nunca se firmou, nunca colocou a cabeça no lugar, sempre envolvido em festas, hábitos e amizades nada saudáveis até o acidente na manhã de 22 de junho deste ano, quando a moto que pilotava, voltando justamente de uma noitada, com duas mulheres na garupa, bateu em outra moto. Assim como o piloto da outra moto e a namorada dele, Thalles morreu no acidente, aos 24 anos, e agora, neste mesmo ano, surge no mesmo Vasco, outro Talles, esse sem o 'h' e com sobrenome sinônimo de grande, importante, notável, Magno.

Aos 17 anos, Talles Magno já havia estreado como titular do time profissional do Vasco no 0 a 0 em Cariacica contra o CSA. Foi o melhor em campo, mas o juizinho estava determinado naquele dia e não veio a vitória. Antes, o garoto tinha entrado contra o Palmeiras na arena deles ultramoderna, já que não tinha show de Sandy e Júnior. O presidente zé ruela, frouxo, vagabundo, miliciano lambe-bota do Trump foi ao estádio e botou a camisa do Palmeiras, ele que já vestiu rubro-negro, ao lado do juiz ladrão, e vários outros times, inclusive o Vasco, na goleada sobre o Jorge Willsterman da Bolívia pela Libertadores de 2018, quando vários torcedores, nas sociais de São januário, tiravam fotos e riam embasbacados, em apoio explícito ao incendiário débil mental, prenunciando a merda toda que viria depois à base de fake news, facada sem sangue e prisão política por acusação surreal, ilegal. Presidente, de fato, Bolsonaro vestiu de novo a camisa do Palmeiras para ver ao vivo o time deixar de ganhar a primeira em casa, em todo o campeonato, perder a liderança e empatar graças ao VAR e a Marcos Júnior, que perdeu o gol da vitória no final, ele que na rodada seguinte compensaria com o gol de nossa primeira vitória fora de casa, no Serra Dourada, 1 a 0 no Goiás.

Titular de novo contra o Goiás, Talles Magno foi de novo o craque do jogo, mas neste último domingo, contra o São Paulo de Juanfran e Daniel Alves, pela primeira vez no solo sagrado de São Januário, lotado, o garoto não só jogou muito a ponto de ser, mais uma vez, o craque do jogo, como fez seu primeiro gol como profissional, aliás, golaço, de craque, com a dominada à queima-roupa, depois do escanteio batido por Danilo Barcellos e da cabeçada de Leandro Castan, dominando no reflexo e tirando do marcador, que era o Juanfran, tirando do Juanfran e ajeitando pra bater de chapa, no canto, tudo em frações de segundo. E o segundo gol, de Felipe Bastos, começou com Talles recebendo e, de letra, se livrando do carrinho dele de novo, Juanfran, se livrando do carrinho do Juanfran, arrancando e batendo forte pra boa defesa do goleiro Tiago Volpi, mas a bola não saiu pela lateral. Rossi alcançou, cruzou, Danilo se embolou com Marrony e a bola sobrou para o lateral cruzar pro Felipe Bastos. Gol, e na transmissão ao vivo da Grobo pra todo o país, Casagrande e Roger não escondiam a admiração com o garoto de 17 anos, chamado Talles.

O outro Thalles, com 'h', partiu deixando quatro filhos, aos 24 anos. O caçula deles, Pedro, de 1 ano e 8 meses, bombou na internet em video de cortar o coração compartilhado pela mãe, no qual, vestido de vascaíno, reconhecia o pai na camisa do atacante promissor, artilheiro, que não foi o que prometia mas mesmo assim, entre trancos, polêmicas e barrancos, deixou seu nome na história do Vasco. O garoto, filho do primeiro Thalles, vai entrar em campo com o time no próximo jogo em São Januário, contra o Bahia, no colo do capitão Leandro Castan. Justa homenagem a um vascaíno de coração, que fez o dele, e agradecimento mais do que necessário aos deuses da Bola, pelo surgimento deste segundo Talles, Magno, e por ele poder iniciar sua trajetória ao lado de outra cria da base, Marrony, jovem, que também joga muito.

Pitacos em itálico

O São Paulo jogou contra o Vasco em São Januário, e na primeira rodada valendo punição para cantos homofóbicos, histórica, só uma torcida, em toda a Série A, podia ser, de fato, punida, e esta torcida, cobaia, em mais uma dessas incríveis coincidências da vida, foi a do Vasco.

*Dois times, entre os grandes do país, são as maiores, quiçá únicas vítimas de cantos homofóbicos entre os clubes da Série A, dois tricolores, um do Rio de Janeiro, outro de São Paulo. E na primeira rodada valendo punição aos clubes para cantos homofóbicos de suas torcidas o Fluminense teve seu jogo contra o Palmeiras, na Arena Palmeiras, adiado devido, provavelmente, a algum supermegashow mais importante que futebol para os verdadeiros donos do estádio. O São Paulo jogou contra o Vasco em São Januário, e na primeira rodada valendo punição para cantos homofóbicos, histórica, só uma torcida, em toda a Série A, podia ser, de fato, punida, e esta torcida, cobaia, em mais uma dessas incríveis coincidências da vida, foi a do Vasco. Claro que teve o canto, a polêmica, e claro que teve especialista falando, com a maior naturalidade, que o Vasco podia, sim, perder os pontos da vitória acachapante, da atuação de gala de Talles Magno, Marrony, Raul e cia. 
Ressalte-se, porém, que dessa vez a maioria escolheu o bom senso e muitos especialistas também disseram que seria um absurdo o Vasco perder os pontos após a reação do juiz, do Luxemburgo, dos jogadores e do alto-falante do estádio pedindo pra parar. Mas tudo é possível, e depois de saírem notícias dizendo que a procuradoria do STJD não iria denunciar o Vasco, que a Fifa recomenda apenas multa, no máximo, na primeira advertência, um colunista renomado já disse em notinha, em off, claro, que o STJD pode, sim, punir o Vasco de maneira severa e inédita. O colunista, a propósito, já era renomado quando fez sua estreia no jornal atual, no caso o Globo, ganhando a manchete da primeira página que era, em outra dessas coincidências que também ocorrem em outras editorias, de política, economia..., contrária ao ex-presidente Lula. Mais tarde, soube-se que a notícia bombástica era mentira, uma barriga, no jargão jornalístico. Nada que tenha abalado a fama do colunista que continua por aí jogando suas notinhas e, agora, joga mais esta, que não é contra Lula nem o PT, mas é contra o Vasco. 

*Então quer dizer que o sujeito levanta o pé na cara do outro, rala as travas da chuteira na bochecha do adversário e não é caso pra cartão vermelho, e não é caso nem pra polêmica, simplesmente todos os especialistas afirmando, em todos os sites e canais, que o pé na cara do adversário não era pra vermelho. Foi assim também contra o Fluminense, Pikachu recebe livre, ele e o goleiro, e na meia-lua da grande área toma a gravata do último homem, e essa gravata, do último homem, não é caso pra expulsão, não, porque tinha dois outros caras lá atrás correndo, porque, poxa, era sacanagem com o tricolor que já tinha tido um expulso, porque a bola tava quicando e o Pikachu não ia conseguir fazer o gol nada, o mesmo Pikachu que fizera o golaço costurando a defesa do Grêmio na saída de bola do segundo tempo, na casa deles, sem eles tocarem na bola, golaço aço aço que foi anulado por decisão absurda, ridícula, criminosa do VAR, que tirou a vitória certa do Vasco. VAR que assoviou pro alto na hora de marcar o pênalti claro que nos daria a vitória contra o CSA, nem deu as caras no jogo em que o juiz deixou de marcar mão na bola clara na meia-lua da grande área pra dar vantagem, e a vantagem, no caso, foi a rebatida do zagueiro do CSA que foi parar no pé do jogador vascaíno, na intermediária. 
E no último lance do primeiro tempo, depois da falta no jogador do Vasco que não parou o contra-ataque, três contra um, de um lado Marrony, do outro Talles, quem parou o contra-ataque foi o juiz, deu a falta e cartão amarelo pro jogador do CSA e, na hora de bater a falta, de levantar na área a última bola do primeiro tempo, o juiz não deixou, encerrou o primeiro tempo e nenhum especialista, nem narrador, nem repórter nem comentarista, ninguém pareceu ter percebido, ninguém citou esses lances como erro de arbitragem, mas o vermelho pra sola da chuteira na cara do jogador vascaíno, e a expulsão do último homem tricolor que deu gravata no Pikachu livre, ele e o goleiro, esses, sim, foram, e o especialista depois do jogo contra o São Paulo, na mesa redonda ao vivo, dizia isso em tom de alerta, ó, são duas expulsões beneficiando o Vasco, beneficiando, como se pé na cara e gravata do último homem não fossem vermelho direto em qualquer manual, mas não pro especialista que não falou do juiz claramente vendido do jogo contra o CSA, do golaço anulado do Pikachu contra o Grêmio lá dentro, não, falou que pé na cara e gravata do último homem em lance claro de gol não é pra expulsão, não, ah, vai te catar.


*São Januário voltou, lotado como da última vez antes da parada pra trocar refletor, e com vitória, como no jogo contra o Fluminense e também contra o Ceará e contra o Inter. Quatro vitórias nos últimos quatros jogos no Caldeirão histórico, lendário, e só na primeira delas, com o time ainda na lanterna, o estádio não estava lotado. Com Talles Magno e Marrony, com Luxemburgo acertando o time, a tendência é que seja assim até o fim do campeonato, como em 2017, quando nos deixaram jogar com a nossa torcida no nosso estádio. Agora poderia dar mais um pitaco sobre time, dizer que gostei mais do primeiro tempo com os quatro volantes mordendo, imprensando o São Paulo e Talles e Marrony na frente, infernizando, e Pikachu, com mais proteção, chegando, achei o time bem mais compacto, mas posso estar errado, aliás, é até provável, então vou falar mesmo é de São Januário, da sorte que é ter este estádio e poder mostrar aos filhos, um de oito, outro com cinco, quase seis. Domingo, 25, foi dia de catequese. Antes do jogo, o mais velho, Dante, comentou do nada: "nunca vi o primeiro gol de um jogador". Ele e o irmão, Tobias, agora já viram, eles que já sabem, o mais velho desde os cinco de idade, o mais novo desde os três, o que é ter estádio.

O Vasco, a imprensa e um blog no meio

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