Um pequeno condor bem acima do escudo com o 1 ou o 2 da Libertadores, menor que o escudo, no menor tamanho possível, aliás, um condor preto na camisa branca de faixa preta, branco nas camisas negras, tendo embaixo, singelo, discreto e pra sempre, o ano, 1948, no qual e antes do qual nenhum outro time do mundo pode dizer que foi campeão continental, a não ser o Vasco.
A Diadora
vestiu durante anos a seleção da Itália, a famosa Squadra Azzurra tetracampeã
do Mundo, mas há protestos raivosos contra a marca nas redes sociais. São
vascaínos, adolescente a maioria, mas também, pasmem, adultos, todos muito
preocupados com a futura marca da camisa do Vasco, ainda não anunciada
oficialmente, se ela será legal, da moda, ou não. Há quem faça graça com o nome
da empresa que fará a operação no Brasil, caso seja a Diadora a escolhida,
gargalhando em kkkks sucessivos como se os nomes das revendedoras da Nike ou da
Under Armour no País não fossem também muito, muito engraçados.
Para o blog
aqui, a propósito, não podendo acontecer a volta da Kappa, disparada a melhor
das opções não importando a grana envolvida, tanto faz a marca da camisa, desde
que o clube se mantenha a boas milhas de distância, na história, do desastre
neste quesito que foi a Champs. Tanto faz a marca, se não for a Kappa, mas por
outro lado há, por aqui, a preocupação sincera com a camisa pra Libertadores, pela
necessidade cabal, do agora ou nunca, de se marcar uma conquista de maneira
indelével, pra sempre na camisa, no caso a maior conquista da história do
Vasco, inigualável em todo o planeta, por ter sido a primeira.
Como se
sabe, por determinação da Conmebol os campeões da Libertadores passaram a
ostentar, na edição do torneio no ano passado, os escudos com o desenho da Taça
e o número de títulos que cada um conquistou. Como se sabe, também, a Conmebol
reconheceu o Campeonato Sulamericano de Clubes Campeões, realizado em 1948, no
Chile, como único precursor e com o mesmo valor da principal competição do
continente, incluindo o Vasco, primeiro campeão continental do planeta, na
disputa da Supercopa dos Campeões da Libertadores, um ano antes de o time
ganhar de fato a Taça, sem ajuda de juiz, eliminando argentino e na semana do
Centenário.
O Vasco é,
portanto, bicampeão sulamericano, não importa o nome do campeonato, mas a
Libertadores vem aí, nossa camisa terá o escudo de campeão no meio e paira a
dúvida sobre qual número será exibido dentro dele, se o 2 ou o 1. E na opinião
deste blog a diretoria do Vasco não deve gastar um segundo de energia com essa
questão. O escudo da Conmebol tem até o desenho da Libertadores e o
Sulamericano, disputado 12 anos antes da primeira Taça, nunca poderia ser, ora
pois, uma Libertadores, se este nome ainda não existia. Deve-se perguntar à
Conmebol: e aí, qual vai ser, um ou dois? E depois, logo acima do escudo com a
Liberta e o número, um ou dois, deve-se homenagear pra toda a eternidade do
Vasco a maior conquista do clube, incluindo um singelo detalhe na camisa
exclusiva para jogos internacionais, que deve ter apoio incondicional dos
conselhos de beneméritos e deliberativo.
Disputado
num estádio apenas, sempre lotado, tendo ao fundo a Cordilheira dos Andes e com
o mesmo número de times e países da primeira Libertadores, o Sulamericano de 48,
além do reconhecimento oficial, teve como decisão o jogo que, tendo acontecido
de fato, paira na categoria do lendário. O Expresso da Vitória contra La Máquina, simplesmente o maior time de um clube da Argentina em todos os tempos,
no caso o River Plate que, entre outros craques consagrados, tinha em campo um
tal de Di Stéfano.
Tinha ainda
o Nacional do Uruguai, o anfitrião Colo Colo, o glorioso Litoral da Bolívia, o
tradicionalíssimo Municipal do Peru e até o inesquecível Emelec. E gol do
Emelec a mídia até narra, revoltada, quase chorando de tanta raiva e a gente,
vascaíno, gargalhando à vontade, mas falar do Sulamericano de 48, ela, a mídia,
quase não fala. Um programa aqui, uma referência rápida ali e mais nada, e tem
jornalista que ainda trata do assunto como se a Conmebol não tivesse
reconhecido oficialmente o título, tecendo lá a fantasia que, segundo a ótica
dele, lhe dará mais clics, likes ou coisa parecida.
Se houvesse
na época uma soneca coletiva improvável dos deuses da bola e o campeão viesse a
ser, imaginem, o queridinho da mídia, tão achincalhado e derrotado, coitado,
nos jogos lá fora, se esse impossível acontecesse o Sulamericano de 48 viraria
filme, minissérie e especial de tevê, talvez anual. Mas não foi o Flamengo o
primeiro campeão continental da história. Foi o Vasco, e por isso o campeonato
é deixado de lado, esquecido o máximo possível, relegado ao único asterisco das
listas de campeões, estaduais, nacionais ou internacionais, que não aumenta o
número de títulos.
Nesse
contexto, portanto, cabe ao Vasco, o grande campeão, não só falar sobre esta
conquista sempre que possível, mas também fazer com que falem, a cada jogo
internacional do time, do campeonato que além de incomparável em história, magia,
tem também a mais bela e significativa das taças, o condor dos Andes, gigante
entre as aves, que voa mais alto entre todas as espécies do continente.
Um pequeno
condor bem acima do escudo com o 1 ou o 2 da Libertadores, menor que o escudo,
no menor tamanho possível, aliás, um condor preto na camisa branca de faixa
preta, branco nas camisas negras, tendo embaixo, singelo, discreto e pra
sempre, o ano, 1948, no qual e antes do qual nenhum outro time do mundo pode
dizer que foi campeão continental, a não ser o Vasco. E como a camisa seria
exclusiva pra jogos internacionais, a ideia do A pauta é Vasco prevê ainda a
retirada, com todo o respeito, das oito estrelas em cima da Cruz de Malta, pra
não bater com as três que ficariam em cima, em curva, projetando novas
conquistas a rodearem o condor de futuras estrelas que se juntariam às que lá
estariam, uma da Libertadores, outra da Mercosul e a terceira pelo ano da graça
de 1957.
As oito
estrelas permaneceriam impávidas em cima da Cruz de Malta na camisa nacional,
que não teria o condor, claro, mas isso é detalhe, outro papo, outro passo. O
importante agora é aproveitar o redondo da oportunidade que se apresenta, os 70
anos do nosso primeiro campeonato continental, pra marcá-lo, reverenciá-lo pra todo
o resto da história, e esperar pra ver sem ressentimento nem raiva, se
divertindo, isto sim, esperando pra ver se a mídia fala ou não fala, dando o
devido valor, desta conquista histórica. Fora isso, se não for a Kappa nem a
Champs, se o dinheiro envolvido for justo, importante, e se a camisa não
rasgar, na boa, que se dane a marca.