Foto: Wagner Assis/Eleven
Lá mesmo no estádio imaginava, e fico imaginando ainda, o que seria do Vasco na Sul Americana, ou mesmo na Libertadores, se fosse mantido o time da reta final do ano passado, com mais Desábato, se não houvesse a briga eterna, interna, no clube, se não existissem ditos torcedores, robôs ou fakes, tão preocupados com essa briga eterna a ponto de esquecer o time, vaiando inclusive crias da base como Alan Kardec, como Thales e, agora, como Evander, se o Vasco fosse administrado, gerido e pensado de dentro dele apenas, pelos Poderes do clube, não de fora, não através da mídia muito menos pelo Judiciário.
Martin
Silva, Pikachu, Breno ou Paulão, Anderson Martins e Ramon, ou Henrique.
Desábato, Andrey, Evander, entrando no lugar de Mateus Vital num time já
montado, jogando bem, com a defesa fechada, como jogou na reta final de 2017,
contra o Santos na Vila Belmiro, contra o Cruzeiro no Mineirão, com Nenê ainda
com a 10 e no ataque, Paulinho e Ríos. Com este time poderíamos iniciar a
temporada de 2018, se ao Vasco, hoje, fosse dado o direito de se administrar em
paz, só ele, Vasco, com sua história, seus sócios, seu estatuto, seus Poderes,
só o próprio Vasco senhor do seu próprio destino, como acontecia, por exemplo,
no ano da graça de 1948, ou cinquenta anos depois, também, no nosso
inesquecível Centenário.
Desse time
escalado aí em cima, não sei se notaram, foram tirados Mateus Vital e Madson,
ambos vendidos por um total de R$ 10 milhões na virada do ano, e bem vendidos
na opinião deste blog, até porque um já era reserva e o outro poderia muito bem
continuar a ser substituído pelo próprio Pikachu, na lateral-direita onde nosso
craque maior atual começou muito bem o ano, na ida e na volta contra o
Universidad Concepción, depois em São Januário, na goleada sobre o Jorge
Wilstermann. Um dinheiro necessário, por dois possíveis reservas, mas tido como
desmanche por alguns, que gritavam isso, revoltados, quando deviam estar ainda
nos bares, em casa, em qualquer lugar comemorando ainda a classificação pra
Libertadores.
Contra
todos os prognósticos dos especialistas, que esperavam ansiosos nova queda pra
segunda divisão, contra todas as bolas de cristal da mídia o Vasco acabou com a
mesma pontuação do rival endeusado, ajudado por enxurradas de milhões lavados
sabe-se lá onde, com Vinicius Jr e tudo. Era pra encerrar o ano comemorando,
começar 2018 se preparando, mantendo o restante do time, mas não pra nossa
mídia esportiva, que não ocupou quase todo o espaço do noticiário com matérias,
por exemplo, com destaques daquela campanha extraordinária segundo ela própria,
mídia, não.
Ajudados
por ditos vascaínos que preferiram, em vez de comemorar naquele momento,
vociferar, denunciar e focar no negativo em tudo relacionado ao time do
coração, as emissoras, os sites, jornais e revistas só falavam de política no
Vasco, usando até matemáticos com teses tatibitatis pra emplacar o mais novo
golpe jurídico-midiático contra o presidente de sempre, que por sua vez cometeu
o erro de achar que, sozinho, conseguiria se reeleger tranquilamente, sem jogar
o clube na barafunda tribunalesca na qual o Vasco, de novo, mais um vez, foi
jogado.
Mês passado
o Vasco conseguiu desbloquear R$ 30 milhões que estavam retidos num fundo
judicial. O dinheiro é pra pagar impostos e ajudará o clube a reaver as tais
certidões negativas de débito, fundamentais pra qualquer patrocínio estatal. O
processo era antigo e se o tribunal do caso fosse seis meses mais rápido, tal
quantia poderia ajudar, quem sabe, a manter Anderson Martins, ou Nenê, talvez
os dois, vá saber. O que se sabe é que só agora a Justiça liberou essa grana e
em janeiro, sem dinheiro, asfixiado também pelo noticiário o tempo todo
negativo, apesar da façanha recente, que ninguém, segundo a mídia, esperava, o
Vasco perdeu o pilar da defesa e, dias depois, o pilar do meio-campo.
Saíram Nenê
e Anderson Martins e mesmo assim o time fez uma estreia dos sonhos na volta à
Libertadores, no solo sagrado do Chile onde Evander jogou muito. Quatro a zero
fora de casa, com show de bola de Pikachu na lateral, de Ricardo, Henrique,
Desábato, Ríos, até Wellington, e Paulinho. O Vasco mais que honrava a camisa e
quem vociferava, naquele momento, era a mídia. Depois de encarar com a maior
naturalidade do mundo as decisões estapafúrdias da Justiça em relação ao clube,
com a invenção de um triunvirato entre candidatos oponentes como ponto culminante
do circo, a mídia bufava porque o preferido dela tinha sido derrotado na
eleição do Conselho, a que realmente vale no Vasco.
O candidato
em questão representa o grupo político que protagonizou, disparado, a pior
administração da história do Vasco. Triplicou as dívidas, perdeu patrimônio, no
caso o Centro de Treinamento Vasco-Barra, deixou São Januário em ruínas, com
muro derrubado, piscinas esverdeadas e até coco, merda propriamente dita, no
ginásio, fez tudo isso e ainda viu um menino morrer na base e nem assim
mobilizou o Judiciário contra o grupo político que cometeu tudo isso, não, pelo
contrário, o Judiciário deu foi mais seis meses de lambuja de mandato pra
turma, que nesses seis meses assinou confissões e mais confissões de dívidas
milionárias, uma delas com o advogado flamenguista que raspou mais de milhão do
Vasco porque convenceu seus dirigentes a pagar por serviços para entrar na
Justiça Desportiva requerendo um título carioca perdido roubado para o
Flamengo, causa, como se constata, com chance enorme de êxito.
O candidato
dessa patota, na época das eleições adiadas a bel prazer do Judiciário, com
dívidas sendo gestadas, aumentadas, triplicadas no tempo extra de mandato, o
candidato dessa gente teve menos da metade dos votos do primeiro colocado, e
coisa de trinta ou quarenta a mais que o terceiro, também de oposição. Era
exatamente o mesmo candidato pelo qual a mídia toda bufava indignada em
janeiro, embora até hoje não consiga dizer direito quem é o sujeito, como ganha
a vida, o que já realizou, em que área trabalha, nada, nenhum perfil mais
alentado do cidadão que já está há quatro anos, pelo menos, de vez em quando no
noticiário e pleiteando simplesmente a presidência do Vasco.
O Vasco
passava tranquilo pelo Universidad de Concepción em São Januário, com Pikachu
mostrando mesmo que ia ser o cara e Paulinho fazendo história, tomando o posto
de Evander como mais jovem vascaíno a marcar na Liberta, depois goleava o
Jorjão da Bolívia, 4 a 0 com Paulão na raça, Paulinho fazendo gol mesmo com soco
na cara, o super Yago e Riberildo, e a mídia se revoltava, esperneava porque
depois de mais um golpe dado com os parças do Judiciário, no mesmo clube-laboratório
onde, de 2006 a 2008, foi gestada a primeira, pioneira, modelo da dobradinha
jurídico-midiática hoje difundida e ampliada por toda latino-américa, depois da
segunda intervenção da Justiça no Vasco, e nenhuma outra em nenhum outro clube,
só no Vasco, depois de mais esse golpe com a regência dela, a mídia achava que seu
candidatinho xóvem iria enfim tomar o poder para, ufa, negociar os contratinhos
da tevê como negociara antes a turma dele, do mesmo grupo político, aceitando
um rebaixamento em relação ao rival que nada na história, nem em quantidade de
títulos, nem no tamanho da torcida, nada justifica, abaixando a cabeça pra
emissora que a torcida não cansa de mandar tomar naquele lugar.
Deu-se o
contragolpe na eleição do Conselho e foi eleito outro candidato de oposição,
que pelo menos era conhecido, médico, tinha lá sua história dentro do Vasco e em
tempos vitoriosos. Comentaristas quase babavam nas mesas redondas, faziam
contas revoltadas, dizendo que o presidente eleito tinha sido, na verdade,
quarto colocado, ignorando a aliança de todos contra um só candidato, que faria
do preferido deles, segundo aquelas mesmas contas, não o “preferido dos
sócios”, como baliam os especialistas, a cada vírgula, mas no máximo, vice,
talvez terceiro, quem sabe também quarto.
A guerra
interna no Vasco continuava, noticiada sempre com o maior destaque possível
pela mídia, e o clube chegava à improvável, segundo 90% dos especialistas, fase
de grupos da Libertadores. E na semana da estreia contra a Universidad do
Chile, em casa, justamente nessa semana o departamento de futebol profissional
do Vasco, só o futebol vascaíno em todo o território do Rio de Janeiro e
adjacências foi acometido de uma virose que abateu quase o time inteiro,
sobretudo nosso craque maior no momento, Paulinho.
Perdemos, e
se no jogo seguinte tivemos nossa melhor atuação, no empate com o Cruzeiro no
Mineirão, perdemos Paulinho. Depois veio o Racing e o juiz brasileiro da CBF
acabou definitivamente com nossas chances validando o primeiro gol do Cruzeiro
em São Januário, com três impedidos.
Mas era o Vasco na Libertadores, no vigésimo aniversário de nossa conquista no Centenário, nos 70 anos do Sul Americano, no mesmo Chile, no mesmo Estádio Nacional de Santiago onde tínhamos de ganhar de 2 a 0 da La U, duplicando o placar adverso da ida, revertendo o do último mata-mata entre nosostros, na semifinal da Sul Americana de 2011, quando eles foram campeões, tínhamos de ganhar pra não acabar com a pior campanha de um time brasileiro na fase de grupos, ao lado do glorioso Bangu, e ganhamos, fizemos o placar necessário graças a Bruno Silva e, de novo, ao super Pikachu.
Mas era o Vasco na Libertadores, no vigésimo aniversário de nossa conquista no Centenário, nos 70 anos do Sul Americano, no mesmo Chile, no mesmo Estádio Nacional de Santiago onde tínhamos de ganhar de 2 a 0 da La U, duplicando o placar adverso da ida, revertendo o do último mata-mata entre nosostros, na semifinal da Sul Americana de 2011, quando eles foram campeões, tínhamos de ganhar pra não acabar com a pior campanha de um time brasileiro na fase de grupos, ao lado do glorioso Bangu, e ganhamos, fizemos o placar necessário graças a Bruno Silva e, de novo, ao super Pikachu.
Assim nos
classificamos pra enfrentar a LDU, campeã da Libertadores de 2008, da Sul
Americana de 2009, num confronto inédito na história que, só por isso, já era
legal à beça. E no jogo de ida, no mesmo país onde ganhamos nossa Liberta, o
Vasco poderia ter, pelo menos, perdido só por 2 a 1, seria mais justo, mas de
qualquer maneira passamos longe dos vexames seguidos por lá de nossos fregueses
das Laranjeiras, em duas finais consecutivas, e voltamos com 3 a 1 na lata, com
o confronto ainda em aberto.
São
Januário lotado como não esteve em todo este ano, para um confronto entre
campeões continentais, dois grandes da América se defrontando pela primeira vez
e o Vasco fazendo valer o fator casa, se impondo do começo ao fim, jogando o
tempo todo no campo do adversário, pressionando incentivado por mais de cento e
dez minutos pela torcida e conseguindo um belo gol, bem tramado até o toque
preciso de Ríos pra Thiago Galhardo tocar mais preciso ainda, no canto, pena
que só aos 41 do segundo tempo. Tudo isso foi lindo de ver na quinta-feira, 9 de
agosto, na noite de nossa despedida das competições internacionais em 2018,
quando o time perdeu gol às pencas, às pampas e o escambau, o último deles de
Ríos matando no peito e virando pro voleio, pro golaço no ângulo, só que não, a
bola passou por cima e no apito final a torcida, a grande maioria dela, pelo
menos, inclusive este aqui que vos escreve, a maioria aplaudiu, triste com a
eliminação, claro, mas também orgulhosa pela despedida com vitória, em cima,
dominando, pela camisa honrada.
E não sei
se todos, se muitos, poucos ou tantos nas cadeiras, nas sociais, nos camarotes
ou na arquibancada, mas eu aqui, lá mesmo no estádio imaginava, e fico
imaginando ainda, o que seria do Vasco na Sul Americana, ou mesmo na
Libertadores, se fosse mantido o time da reta final do ano passado, com mais
Desábato, se não houvesse a briga eterna, interna, no clube, se não existissem
ditos torcedores, robôs ou fakes, tão preocupados com essa briga eterna a ponto
de esquecer o time, vaiando inclusive crias da base como Alan Kardec, como
Thales e, agora, como Evander, se o Vasco fosse administrado, gerido e pensado
de dentro dele apenas, pelos Poderes do clube, não de fora, não através da
mídia muito menos pelo Judiciário.