sábado, 21 de outubro de 2017

Mais um pênalti não marcado, e os bons augúrios de um gol contra


Passada a vigésima nona rodada, pela primeira vez não se ouvem mais especialistas relacionando o Vasco a qualquer risco de rebaixamento, como fizeram todos desde antes do início do campeonato, e continuavam, em menor número, mas continuavam, até a vitória aparentemente sem graça no histórico gramado do Serra Dourada

Há algo de promissor numa vitória por 1 a 0 contra o lanterna, com um gol contra. Um calor desgraçado no campo enorme do Serra Dourada, maior que o burocrático padrão Fifa, chato, o time jogando em ritmo de dois pra lá dois pra cá, nosso melhor zagueiro deixando o campo lesionado, Nenê isolando lançamentos acima do ponto mais alto das traves do futebol americano e mesmo assim o Vasco saindo com os três pontos, completando pela primeira vez, depois de cinco anos, três vitórias seguidas na Série A, tudo isso deve ser efusivamente comemorado.

A chave foi virada. Passada a vigésima nona rodada, pela primeira vez não se ouvem mais especialistas relacionando o Vasco a qualquer risco de rebaixamento, como fizeram todos desde antes do início do campeonato, e continuavam, em menor número, mas continuavam, até a vitória aparentemente sem graça no histórico gramado do Serra Dourada, que colocou o time, de vez, na luta pelo tricampeonato sul-americano. Vitória garantida por Martin Silva lá atrás, com três ou quatro defesas providenciais, e com gol de novo trabalhado, com a participação até de Bruno Paulista.

O volante de 1,90m de altura que se joga ao solo em nove de cada dez disputas de bola, dessa vez não tinha adversário por perto e, de pé, rolou a bola pra trás, pra Breno, que tocou para Andrés Rios, que passou a Pikachu, correu pra direita e recebeu de volta pra fazer o cruzamento de primeira, reto, rasteiro, com a bola triscando a linha da pequena área, dentro dela. Com Nenê e Mateus Vital atrás, olhando, a dupla de defensores do Atlético Goianiense completou o serviço, e aqui fica o registro da suprema coincidência que talvez queira dizer alguma coisa, o fato de os dois gols contra a favor do Vasco neste Brasileiro terem acontecido fora de casa, contra rubro-negros, provocados por cruzamentos de jogadores argentinos, ambos barbudos, Rios contra o Dragão, Escudero contra o Vitória, os dois inaugurando o placar no primeiro tempo.

Vá saber o que isto quer dizer, vá saber, mas o fato é que o Vasco conquistou sua terceira vitória seguida e aqui no blog continuará a ser respeitada, sem a menor pretensão de tirar onde de pé quente, ainda, a tradição iniciada no texto de apresentação para a primeira delas, contra o Avaí na Ressacada. O adversário da vez é o Coritiba, eternamente do goleiro Rafael e seu visual Dennis Hopper em Sem Destino, bigodudo, cabeludo e fechando o gol no Maracanã lotado por 90 mil pessoas, pra ver a final do Brasileiro de 85 entre Coritiba e Bangu, no tempo idílico que parece não voltar mais, de quando o Brasileirão tinha final.

Para o Vasco, no entanto, o Coritiba será sempre aquele time que nos venceu na melhor de nossas derrotas, a única que rendeu taça, no caso a Copa do Brasil nunca antes conquistada, depois de oito anos sem títulos, de onze sem um troféu nacional. Só que o assunto, como manda a tradição que completa hoje dez dias, é erro de arbitragem, e nesse caso não há como não repetir a dose do último texto, não há como deixar de citar mais um pênalti em Nenê não marcado, o derradeiro dos vários, diversos erros grosseiros de arbitragem contra o Vasco na arrancada digna de aplausos de pé, sempre, da reta final do Brasileiro de 2015.

Na última rodada do campeonato, com o Vasco precisando da vitória para não cair e, além disso, da não derrota do Fluminense para o Figueirense em Santa Catarina, aos 3 minutos do segundo tempo Bruno Gallo escorrega na hora de chutar, ou passar, na entrada da área adversária no semi-alagado gramado do Couto Pereira. Gallo consegue passar, ou chutar, mesmo assim, a bola bate na perna do jogador do Coritiba dando carrinho e sobe. Dentro da área, Riascos ganha no alto de seu marcador e cabeceia a bola entre a marca do pênalti e a linha da pequena área, com Nenê de frente pra ela, entre dois defensores.

Um pela frente, outro por trás, o sanduíche em Nenê é mais ostensivo que um BigMac fotografado pra propaganda. O comentarista de arbitragem aí ao lado, por exemplo, não tem dúvidas em afirmar que foi pênalti, claro, mas o juiz, desses agora todo marombados, pertinho do lance, ostentando boa forma física, prefere nada marcar. Não passa nem um minuto quando a bolinha vermelha da emissora avisa: gol do Figueirense.

Dezenove anos depois de ver os vascaínos vencerem, sem qualquer interesse mais no campeonato, dois de seus adversários diretos na campanha do primeiro rebaixamento de um time grande carioca, em 1996, o Fluminense fez o que já se esperava dele, e mesmo se o juiz tivesse marcado o pênalti claro em Nenê no Couto Pereira, mesmo assim o Vasco seria rebaixado, com boa parte da mídia especializada gostando e ignorando não só esse, mas todos os outros erros de arbitragem que tiraram do time, no mínimo, 14 pontos.

A péssima campanha no primeiro turno provocou a queda e pronto, sem influência de erro de arbitragem, sentenciou a mesma mídia especializada que previa de novo o Vasco rebaixado em 2017 e agora, depois da vitória contra o lanterna, com gol contra, é obrigada a guardar suas previsões na gaveta, as mesmas para o ano que vem, muito provavelmente, em relação ao Vasco.

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