quarta-feira, 18 de outubro de 2017

O rapa pelas costas e a vitória no peito e na raça

Foto: Vasco

Bastam três, quatro jogadores em volta do juiz, revoltados no calor da contenda, pra que qualquer reclamação contra o Vasco seja abalizada pela mídia esportiva com a tal da polêmica nos títulos e matérias sobre o jogo, a palavrinha que deixa no ar muita coisa sem nada definir, pelo contrário, deixando tudo nebuloso, mesmo quando se trata de um caso claro, tão nítido quanto a bola no peito de Nenê, no peito e na raça pra fazer o gol da vitória, completando jogada em que a bola atravessou toda a largura do gramado e voltou um pouquinho, rolando pelos pés de sete jogadores do Vasco, o que não deixa de ser alvissareiro.

No campo de ataque do Vasco, pela esquerda, Anderson Martins recebe o empurrão por trás de Bruno Silva, antes de rolar pra Ramon, e fica discutindo com o volante do Botafogo. Ramon toca mais pra trás ainda, quase na linha divisória, onde Jean recebe e rola logo pra Breno. A bola adentra dez ou vinte centímetros no campo de defesa vascaíno, mas logo volta ao ataque com o passe de Breno a Madson na direita. Madson encontra Mateus Vital e este erra o passe final acertando, tocando longa demais a bola pra Nenê que bate no defensor do Botafogo e volta no peito do camisa 11 vascaíno. Nenê ainda é puxado pelo botafoguense Igor Fernandes, mas prefere não cavar a falta na entrada da área, seguir na jogada e chutar pra fazer o gol, golaço, aliás, da vitória suada do Vasco no clássico truncado.

Os jogadores todos do Botafogo reclamaram mão de Nenê no lance, assim como reclamaram mão de Madson um minuto antes, e reclamaram ainda de outra mão, de Ramon. Então acontece um desses fenômenos na cobertura da mídia esportiva exclusivos, quase, do Vasco. Os comentaristas de arbitragem, os repórteres e narradores concordam, todos, que não houve nada nos lances além de um toque involuntário na mão de Madson, com a bola batendo antes na coxa dele, que estava quase colado ao atacante adversário que a tocara. O juiz não interferiu no resultado, concordam todos, e mesmo assim nas capas de jornais, sites e na tevê fala-se em polêmica, como se tivesse ocorrido algum benefício ao vencedor como, por exemplo, um gol em impedimento e com o braço numa final de Copa do Brasil.

Todos concordam que não houve influência da arbitragem, mas há aqueles especialistas que, assim concordando, com a ressalva de que seria muito difícil evitar o possível erro, dizem achar difícil demais, simplesmente impossível afirmar que a bola bateu no peito do jogador diante de uma imagem congelada da bola batendo no peito do jogador. Pode ter roçado no braço e ninguém conseguiu ver, supõe um, a reclamação dos botafoguenses foi enfática demais, ressalta outro, e assim cria-se a polêmica. A bola bateu no peito de Nenê, não na mão, mas entra na lista das “polêmicas” da arbitragem no campeonato do mesmo modo que o braço estendido de Jô pra garantir mais três pontinhos ao líder.

Basta que o adversário reclame, parece. Bastam três, quatro jogadores em volta do juiz, revoltados no calor da contenda, pra que qualquer reclamação contra o Vasco seja abalizada pela mídia esportiva com a tal da polêmica nos títulos e matérias sobre o jogo, a palavrinha que deixa no ar muita coisa sem nada definir, pelo contrário, deixando tudo nebuloso, mesmo quando se trata de um caso claro, tão nítido quanto a bola no peito de Nenê, no peito e na raça pra fazer o gol da vitória, completando jogada em que a bola atravessou toda a largura do gramado e voltou um pouquinho, rolando pelos pés de sete jogadores do Vasco, o que não deixa de ser alvissareiro.

Com relação ao “pênalti” de Ramon, a prova de que nada houve é o mesmo X com a faixa das costas que Anderson Martins já fizera contra o Sport, comentado dois textos abaixo, tanto o lateral quanto o zagueiro com o braço totalmente escondido atrás de ombro e peito. Niente, nada a marcar e segue o campeonato, seguindo junto a tradição do A pauta é Vasco, iniciada há sete dias, de enumerar um erro de arbitragem contra o adversário da vez na rodada, no caso o digníssimo Dragão, o Atlético Goianiense do craque das balanças e biscotinhos recheados.

Walter joga muita bola e todo cuidado é pouco com o gordinho que impediu a estréia consagradora de Thalles nas quartas-de-final da Copa do Brasil de 2013. Uma matada no peito no alto, uma dominada, literalmente, de bunda, duas ajeitadinhas e o lançamento perfeito, de direita, pro gol que, junto com o segundo do Goiás, mais o erro esperado da arbitragem anulando o de Luan, eliminaria o Vasco, ofuscando os dois primeiros gols no jogo, ambos do garoto que fazia seu primeiro jogo no profissional, o segundo com Juninho Pernambucano abrindo livre na direita, pra ficar cara a cara com o goleiro, e o garoto preferindo chutar de fora da área, no ângulo.

Hoje Thalles talvez esteja mais largo do que Walter, mais pesado, o que é ainda mais triste de ver pra quem estava no Maracanã naquela estreia do garoto centroavante, matador, que, melhor, como estreia, só Edmundo e Romário tiveram. Triste demais ver tanto talento sendo desperdiçado, ainda mais depois de ter sido ele, Thalles, o salvador na tensa reta final da Série B, aquele que, na hora H, garantiu o acesso. Mais triste ainda ver a torcida apoiando a derrocada, fazendo piada, preferindo Kelvin, Júnior Dutra, qualquer um ao garoto saído da base.

Thalles será ainda, junto com Wagner, responsável pelo fim de qualquer previsão ou opinião deste blog sobre algum jogador em particular, em termos de escalação. Depois de dizer que Wagner era o problema na escalação pra pegar o Avaí na Ressacada, quis brincar dizendo que não esperava de Thalles, contra o Botafogo, nem um peteleco na direção de gol, e o único peteleco que ele deu, do meio do campo, não foi na direção do gol. Errando ou acertando, melhor parar por aqui e ir logo ao que interessa pra cumprir a tradição de uma semana de idade, até porque vem dando certo.

O erro pinçado desta vez é deste ano, do jogo do turno, e tem tudo a ver com esta suprema coincidência de ser o Vasco hoje, na vigésima nona rodada, o único time do campeonato a não ter sequer um pênalti assinalado a seu favor até agora. Teve o puxão na camisa do Pikachu no primeiro tempo da primeira rodada, minutos depois do pênalti mal marcado para o Palmeiras, teve também Everton Ribeiro defendendo com a mão o cruzamento de Nenê, dentro da área, e contra o Atlético Goianiense, no último dia de festa com São Januário lotado, muitas crianças, antes da tocaia do Vasco x Flamengo, foi o rapa por trás no mesmo Nenê, que já tinha decidido o jogo fazendo o gol de falta no primeiro tempo, da vitória por 1 a 0 e entrava livre pela esquerda, na frente do goleiro, quando tomou o calço, ou rasteira, ou banda por trás do defensor rubro-negro. Tiro de meta marcado, decide a arbitragem, e segue o campeonato. 

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