Conmebol: divulgação
Dois apitos básicos, indispensáveis, todos sabem, quando se trata de título deles, sem falar no empurrão no gol decisivo, do super artilheiro dispensado na Europa no zagueiro do River, dois apitos mais um empurrão "na raça", mais a grana toda jorrando e a Liberta, definitivamente, perdeu um pouco de sua graça, abrindo espaço para aquela que hoje realmente importa, a competição mais raiz das Américas, aquela que no Rio ninguém tem, a taça que falta na nossa coleção de títulos continentais, a Sula, querida Copa Sulamericana onde seguimos vivos, adelante y siempre, depois de segurarmos o 0 a 0 fora de casa jogando, no mínimo, como se deve pra garantir a vaga.
Fiel sucessora do Sulamericano de Clubes Campeões de 1948, para todo o sempre o
maior de todos os campeonatos, a Taça Libertadores da América, não há como
negar, perdeu um pouco de sua aura com a edição do ano passado. A taça difícil
de conquistar, para poucos, mítica, ainda mais se vier na semana do Centenário,
foi de novo arrebatada simplesmente por la plata, pela grana que jorra de todos
os lados dentro dos cofres da Gávea, da tevê levando ao infinito, e além, a
diferença entre seu queridinho e o resto, ao desembargador que penhora os
recursos do Vasco e libera o dinheiro do “mais querido” na canetada; do Real
Madrid pagando de novo os tubos por uma promessa da Gávea, tendo Vinicius Júnior
há dois anos tentando, ainda, aprender a chutar, à economia feita até agora com
as famílias dos meninos mortos asfixiados, queimados. Tanta grana reunida e o
apito dessa vez nem precisou ser circense, espalhafatoso como Wright em 1981.
Foi discreto, pontual, no último minuto da ida e no primeiro minuto da volta
contra o glorioso Emelec, pioneiro do Sulamericano de 1948, como o Vasco. Dois
apitos básicos, indispensáveis, todos sabem, quando se trata de título deles, sem falar no empurrão no gol decisivo, do super artilheiro dispensado na Europa no zagueiro do River, dois apitos mais um empurrão "na raça", mais a grana toda jorrando e a Liberta, definitivamente, perdeu
um pouco de sua graça, abrindo espaço para aquela que hoje realmente importa, a
competição mais raiz das Américas, aquela que no Rio ninguém tem, a taça que
falta na nossa coleção de títulos continentais, a Sula, querida Copa
Sulamericana onde seguimos vivos, adelante y siempre, depois de segurarmos o 0
a 0 fora de casa jogando, no mínimo, como se deve pra garantir a vaga.
Parece
obsessão, e é, mas vou falar de novo do Sulamericano de 48 pra lembrar que
naquela campanha começamos também com uma vitória por um gol de diferença
contra um time boliviano, 2 a 1 no extinto Litoral, primeiro campeão nacional
da Bolívia. Junta isso com a bola do Oriente Petrolero no travessão no último
lance da volta e já temos indícios, sinais aos quais nos agarrar nessa campanha
que começou histórica, com a chuva torrencial horas antes do jogo, o
engarrafamento de show do U2 e 18.105 presentes quase lotando o Caldeirão de
São Januário, entre os quais este aqui que vos fala com dois filhos, um de oito
anos e outro de seis, que percorriam o
labirinto de cercas de metal com pés feitos pra tropeçar, pensado por quem é
preparado pra tratar gente feito gado, a não ser o patrão, e alugado de quem
ganha uma boa grana com isso, corriam os filhos fazendo as curvas a 180 graus
com o pai gritando atrás, ‘não tropeça, olha pra baixo!”, quando o Gigante de
São Januário urrou, vibrou e o barulho da torcida em festa continuou, barulho
já ouvido uma vez fora do estádio, só com o filho mais velho e com Paulinho contra o Universidad
Concepcion, barulho de gol em São Januário, gol do Vasco.
Pikachu
chutou rente, cruzado, Marrony quase fez um golaço, Werley meteu no travessão,
Marcos Júnior também, e antes, no gol mais perdido da partida, na trave. Na
volta, Marrony quase fez, de novo, um golaço, evitado pela defesaça do goleiro
cagado, que viu a bola de gol de placa de Talles Magno bater caprichosamente no
travessão e voltar na mão dele, que defendeu também a bomba de Ribamar e o
rebote de Cano, German Cano que fez o gol único de nossa vitória em 180
minutos, emendando de letra trocada, praticamente, o passe primoroso de Talles,
tocando cruzado, de leve, só pra desviar do bom goleiro dos caras.
E na transmissão,
e depois nas mesas redondas, todos os especialistas falaram que Cano estava
impedido, e continuaram falando mesmo após surgir a imagem que mostrava que não
era bem assim, que Cano poderia muito bem estar na mesma linha que o último
defensor se a medição fosse feita pela tal paralaxe da Nasa e do VAR, que já
sumiu do noticiário, mas virou estrela naquela semana em que a mídia
especializada teve que explicar a validação do gol em impedimento de Bruno
Henrique, fundamental para os três pontinhos da tal campanha espetacular, no 1
a 0 sofrido deles em cima da Chape fora de casa, e a anulação na mesma rodada
do gol legal de Werley na mesma linha contra o Corinthians.
Se o gol
legal de Werley fosse validado era muito provável que o Vasco ganhasse, e aí o
Corinthians, que terminou o campeonato em oitavo, com 56 pontos, cairia pra 53,
e o Vasco, que terminou com 49, subiria pra 52. Bastaria que o VAR tivesse
atuado no empate claramente acertado pra pagar bem em jogo de aposta contra o
CSA em Cariacica, com o juizão deixando de marcar falta pro Vasco na meia lua
da grande área pra dar vantagem, depois do zagueiro faltoso bicar a bola que
sobrou pra um jogador vascaíno na intermediária. Bastaria não anular o golaço
do Pikachu na casa do Grêmio, ou não inventar a falta na escorregada de Gérson
pro gol no qual Rafinha previu que o time dele, àquela noite, levaria quatro do
Vasco. Bastaria só que a regra do futebol fosse respeitada em um desses casos e
o Vasco estaria na pré-Libertadores, mas fomos novamente prejudicados,
tantas vezes, pela arbitragem, e quem ganhou a vaga foi o Corinthians, para se
tornar o único clube brasileiro duas
vezes eliminado numa pré-Libertadores e virar, para todo o sempre, freguês do Guarani
do Paraguai.
O Vasco acabou na Copa Sulamericana onde não tem título, mas tem história. Ou não é história
a virada espetacular sobre o Lanús, 2 a 0 pra eles lá e 3 a 0 pra gente em São Januário,
com gol no último minuto daquele traíra chamado Leandro Amaral? E a goleada de
8 no Aurora, virando de 3 a 1 pra eles na Bolívia? E o show de Dedé nos 5 a 2
antológicos contra o Universitário do Peru? Tudo história, mas sem taça e esse
ano, vou te falar, a Sula tá mais gata. Em 2007 seria a loucura das loucuras ser campeão tendo como craque e técnico, ao mesmo tempo, Romário. Em 2011 estávamos disputando o título brasileiro e sendo roubados contra Figueirense, Palmeiras, São Paulo, Inter e, claro, Flamengo. Em 2018 seria prêmio de consolo e agora, esse ano, jogando ela desde o início, a Copa Sulamericana tá linda, muito mais gata.
Temos estádio, temos
Guarin pra entrar no meio-campo e temos história. Somos do único time que já
era campeão sulamericano antes de existir a Libertadores, tão íntimo da América
que começou sua relação com ela quando não existia taça, assim no feminino, só
campeonato, no masculino mesmo, sem o menor problema que aqui é Vasco, e o Vasco agora
tá olhando pra Sula achando ela a mais bela das taças, muito, muito gata, e a Copa Sulamericana, que
já teve como campeões o Cienciano, o Arsenal de Sarandi, o Pachuca do México e
o Atlético Paranaense, deve tá olhando pro Vasco agora como quem diz: é só
chegar.
Pitacos em itálico
Não é mais a paralaxe que validou o gol impedido de Bruno Henrique e anulou o gol legal de Werley na mesma rodada, ninguém mais fala na tal paralaxe, mas no dia seguinte, no mesmo jornal que tinha falado da tal tecnologia da Nasa hoje esquecida, enterrada, estava lá a matéria sobre a nova tecnologia que anulara o gol de Ribamar, esta sim infalível, segundo a nossa mídia especializada, e decidindo, como de praxe, para o mesmo lado.
*O Piauí é Vasco, dizia a faixa na arquibancada lotada do Albertão, no empate com o Altos em 1 a 1 que garantiu a vaga pra segunda fase da Copa do Brasil. German Cano, de novo, fez o gol, o time perdeu outros tantos e o goleiro do Altos, Rodrigo Ramos, teve sua noite de glória aos 39 anos. A mídia caiu de pau, claro, dizendo que o time não jogou nada, certamente muito puta ainda, a mídia, com a cabeçada isolada pelos caras no último minuto, com a não eliminação do Vasco, mas o que importa é que veio a vaga. Mais que isso, o que importa é constatar de novo o tamanho da torcida do Vasco, o quanto estamos espalhados por todo o território nacional, prontos pra lotar um estádio no Piauí, se for o caso, e estender lá a faixa dizendo que o Piauí é Vasco.
*"Torcedores do setor Sul, não joguem bombas!". O anúncio nos altos falantes do Maracanã foi repetido três ou quatro vezes naquela entonação de sempre, logo depois de o VAR atuar novamente a favor do Flamengo no clássico dos times reservas contra o Vasco pela Taça Guanabara. Com um minuto de jogo, Tiago Reis jogou pra área, o zagueirão do mengão se atrapalhou todo e a bola sobrou pra Ribamar que encobriu o goleiro deles com categoria pra fazer 1 a 0, de novo Ribamar contra o flamengo e o VAR dessa vez não deixou, não, atuou. A torcida do Vasco comemorou, a bola foi pro meio e o juizão, antes de autorizar a saída, fez o gesto que ajudou o queridinho da mídia até no Catar no ano passado e esse ano começou ajudando logo contra o Vasco. Gol anulado e, em nome da transparência, o telão mostrou o lance do VAR, mas sem foco e com a bola já tendo saído do pé de Tiago Reis. Não é mais a paralaxe que validou o gol impedido de Bruno Henrique e anulou o gol legal de Werley na mesma rodada, ninguém mais fala na tal paralaxe, mas no dia seguinte, no mesmo jornal que tinha falado da tal tecnologia da Nasa hoje esquecida, enterrada, estava lá a matéria sobre a nova tecnologia que anulara o gol de Ribamar, esta sim infalível, segundo a nossa mídia especializada, e decidindo, como de praxe, para o mesmo lado. A torcida do Vasco se revoltou no Maraca, claro, e o alto-falante ecoou sua mensagem, como quem diz: "vascaínos, por favor, sejam roubados e fiquem quietos, calados".
*Eu estava no Maraca e o Vasco tinha no time Donato, Mazinho, Geovani, Romário e Roberto, voltando de contusão, mas quem roubou a bola na intermediária e saiu correndo foi o mais improvável dos autores de golaços decisivos em clássicos. Grandalhão, meio desajeitado, Henrique interceptou o passe de um defensor rubro-negro e saiu correndo, deixando pra trás quatro flamenguistas mais preocupados com Roberto, Bismarck e Romário. Henrique foi avançando, entrou na área e tocou entre as pernas do goleiro Zé Carlos. Titular na reta final do Carioca de 87, substituindo Dunga, que fora para a Itália, Henrique se firmou para formar com Zé do Carmo e Geovani o meio-campo bicampeão carioca em 88. O gol dele contra o Flamengo, aliás, foi o primeiro da famosa Quina, as cinco vitórias seguidas em jogos oficiais contra o freguês da Gávea, mais um desses feitos no clássico que só o Vasco tem, como o 7 a 0, a virada no primeiro de todos os jogos, a maior invencibilidade, de seis anos sem perder, a inauguração do campinho da Gávea e tantas outras que a mídia esquece rapidinho. Henrique faleceu esta semana, aos 57 anos. Na foto ele aparece junto com outro colega já falecido, o ex-goleiro Zé Carlos, e aqui fica a homenagem de quem, aos 16 de idade, viu da arquibancada do Maraca, atrás do gol de Acácio, o grande momento do cara, o golaço que decidiu, mais uma vez a favor do Vasco, um clássico contra o rival das papeletas amarelas e, agora,do VAR.
*"Torcedores do setor Sul, não joguem bombas!". O anúncio nos altos falantes do Maracanã foi repetido três ou quatro vezes naquela entonação de sempre, logo depois de o VAR atuar novamente a favor do Flamengo no clássico dos times reservas contra o Vasco pela Taça Guanabara. Com um minuto de jogo, Tiago Reis jogou pra área, o zagueirão do mengão se atrapalhou todo e a bola sobrou pra Ribamar que encobriu o goleiro deles com categoria pra fazer 1 a 0, de novo Ribamar contra o flamengo e o VAR dessa vez não deixou, não, atuou. A torcida do Vasco comemorou, a bola foi pro meio e o juizão, antes de autorizar a saída, fez o gesto que ajudou o queridinho da mídia até no Catar no ano passado e esse ano começou ajudando logo contra o Vasco. Gol anulado e, em nome da transparência, o telão mostrou o lance do VAR, mas sem foco e com a bola já tendo saído do pé de Tiago Reis. Não é mais a paralaxe que validou o gol impedido de Bruno Henrique e anulou o gol legal de Werley na mesma rodada, ninguém mais fala na tal paralaxe, mas no dia seguinte, no mesmo jornal que tinha falado da tal tecnologia da Nasa hoje esquecida, enterrada, estava lá a matéria sobre a nova tecnologia que anulara o gol de Ribamar, esta sim infalível, segundo a nossa mídia especializada, e decidindo, como de praxe, para o mesmo lado. A torcida do Vasco se revoltou no Maraca, claro, e o alto-falante ecoou sua mensagem, como quem diz: "vascaínos, por favor, sejam roubados e fiquem quietos, calados".
*Eu estava no Maraca e o Vasco tinha no time Donato, Mazinho, Geovani, Romário e Roberto, voltando de contusão, mas quem roubou a bola na intermediária e saiu correndo foi o mais improvável dos autores de golaços decisivos em clássicos. Grandalhão, meio desajeitado, Henrique interceptou o passe de um defensor rubro-negro e saiu correndo, deixando pra trás quatro flamenguistas mais preocupados com Roberto, Bismarck e Romário. Henrique foi avançando, entrou na área e tocou entre as pernas do goleiro Zé Carlos. Titular na reta final do Carioca de 87, substituindo Dunga, que fora para a Itália, Henrique se firmou para formar com Zé do Carmo e Geovani o meio-campo bicampeão carioca em 88. O gol dele contra o Flamengo, aliás, foi o primeiro da famosa Quina, as cinco vitórias seguidas em jogos oficiais contra o freguês da Gávea, mais um desses feitos no clássico que só o Vasco tem, como o 7 a 0, a virada no primeiro de todos os jogos, a maior invencibilidade, de seis anos sem perder, a inauguração do campinho da Gávea e tantas outras que a mídia esquece rapidinho. Henrique faleceu esta semana, aos 57 anos. Na foto ele aparece junto com outro colega já falecido, o ex-goleiro Zé Carlos, e aqui fica a homenagem de quem, aos 16 de idade, viu da arquibancada do Maraca, atrás do gol de Acácio, o grande momento do cara, o golaço que decidiu, mais uma vez a favor do Vasco, um clássico contra o rival das papeletas amarelas e, agora,do VAR.