quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O pênalti de pinball e o retorno do principal

Foto: Alexandre Loureiro

Três toques na bola com os braços abertos dentro da área, dois com o esquerdo, um com o direito, e o pênalti marcado a favor do Vasco, nos ambientes refrigerados onde ditam suas sentenças os especialistas, ex-jogadores e comentaristas da arbitragem, foi contestado. Um lance polêmico, diziam alguns, enquanto outros, com certeza absoluta, diziam não ter acontecido nada. Três toques na bola com os braços abertos dentro da área.

Passado o êxtase panamenho, a despedida da Holanda de Robben e a confirmação da força argentina, pra desgosto dos adeptos da rivalidade de publicidade, o futebol volta hoje ao que interessa. O Vasco entra em campo pra pegar o Avaí na Ressacada, palco da vitória “cala boca” da semifinal de 2011, deixando a torcida local quietinha desde o início, assistindo. E cenário também,a Ressacada, do pênalti de pinball feito pelo meia Marquinhos, do Avaí, no empate em 1 a 1 da arrancada final no Brasileiro do 2015, quando a imprensa deu mais uma mostra do tratamento todo especial, diferenciado, que reserva ao Vasco.

Leandrão recebeu livre na esquerda, entrou na área e recebeu a marcação de Marquinhos, que deu o carrinho com os braços abertos, pra trás. Leandrão tentou o drible, o corte com a direita pro meio da área, mas a bola foi interceptada, primeiro, pelo braço esquerdo de Marquinhos, que raspou nela, depois pelo braço direito do marcador, que rebateu ela de volta no braço esquerdo. Três toques na bola com os braços abertos dentro da área, dois com o esquerdo, um com o direito, e o pênalti marcado a favor do Vasco, nos ambientes refrigerados onde ditam suas sentenças os especialistas, ex-jogadores e comentaristas da arbitragem, foi contestado. Um lance polêmico, diziam alguns, enquanto outros, com certeza absoluta, diziam não ter acontecido nada. Três toques na bola com os braços abertos dentro da área.

Os melhores momentos dessa partida mostram a anulação de um gol do Vasco quando o jogo estava 0 a 0, sem que fique nem um pouco claro por que o gol foi anulado. E seria um gol de Julio dos Santos, o único da trajetória do meia, centroavante, volante e zagueiro paraguaio no Vasco. Caberia até processo, talvez, se as chances de sucesso não fossem ínfimas na Justiça do local do acontecido, ainda mais para um paraguaio, e a favor do Vasco. Houve também nesse jogo o pênalti de um toque só no braço de Madson, que estava fora da área, pênalti que o Avaí acabaria desperdiçando, e no fim da partida a “leitura” da mídia especializada era de que a arbitragem tinha sido “polêmica”, prejudicando os dois lados, isso, com relação a supostos benefícios ao Vasco, somente porque o juiz assinalou o pênalti de pinball, dos três toques na bola com os braços abertos dentro da área.

Três toques no braço. Na mesma jogada. E a mídia contestando, dizendo que não tinha sido pênalti, como disse, aos brados revoltados na figura do comentarista de óculos, já citada aqui num texto abaixo, que o Vasco havia sido beneficiado contra o São Paulo naquele mesmo campeonato, quando sofreu o gol ilegal de empate, com falta e impedimento no mesmo lance. Era o Brasileiro de 2015 e ali estava sendo dado passo adiante no tratamento dispensado pela mídia esportiva ao Vasco, no qual, além de passar a ser permitido, na visão deles, qualquer toque de mão dos adversários do time dentro da área, não bastavam mais os seguidos erros contra a equipe vascaína, uns nem falados, outros registrados, porque era impossível não o serem, mas logo esquecidos. Agora o Vasco é prejudicado e a mídia, além de disfarçar, trata de reverter a situação, e sem o menor receio do ridículo, acreditando mesmo, no isolamento das redações onde todos sorriem e se elogiam, que qualquer coisa que diga vira verdade.

Houve o erro crasso do gol do braço do Jô, mais um ponto escandalosamente tirado do Vasco, no apito, e um jornal do Rio, na semana do ocorrido, tratou de destacar um tal levantamento da CBF sem nada contestar, claro, pra dizer que o Vasco, na verdade vinha sendo beneficiado pelas arbitragens. Não havia no relatório o pênalti em Pikachu contra o Palmeiras, na primeira rodada, nem a mão de Éverton Ribeiro contra o Flamengo nem o rapa por trás que Nenê recebeu na área do Atlético Goianiense, tudo normal, do jogo, no entender da CBF que, pra dizer que o Vasco estava sendo beneficiado, destacou dois jogadores que deveriam ter sido expulsos quando receberam o amarelo, lances nitidamente de interpretação. E como prova cabal, irrefutável, dos benefícios ao Vasco, o relatório da CBF que o jornal engole mastigadinho, sem questionar, cita o gol de Caio Monteiro marcado a dois, três minutos do fim do jogo que o Botafogo vencia por 3 a 0. A irregularidade do lance, segundo a CBF? Um tranco de Luis Fabiano no marcador antes de dar o passe pra Caio Monteiro, tranco que em 2009, se fosse dado por Adriano, não provocaria nada além de comentários na mídia sobre o quanto o Imperador era forte.

E na rodada seguinte ao gol do braço do Jô, Anderson Martins interceptou com o peito o cruzamento de um jogador do Sport, na Ilha do Retiro, tendo o braço fazendo um xis com a faixa das costas de sua camisa, de tanto que estava atrás do corpo. E o juiz marcou o pênalti. O bandeirinha avisou que não tinha sido e o juiz voltou atrás na marcação. Não houve entrada em campo de ninguém de terno, pra falar alguma coisa no ouvido do juiz, como no Fla x Flu de 2016, o lance foi decidido no campo, entre a equipe de arbitragem, mas mesmo assim a mídia especializada cravou com certeza absoluta, convicta, que tinha sido o vídeo e que, portanto, o Vasco, que teria um pênalti marcado contra ele por um toque inexistente de braço, no jogo seguinte à derrota com o gol do braço do Jô, o Vasco então foi beneficiado porque o pênalti não foi marcado.

O bandeirinha ainda estava vendo o Anderson Martins de costas, pode muito bem ter notado, àquela distância, o xis às costas do zagueiro, do cruzamento da faixa preta com a pele clara de seu braço, mas ninguém nem cogitou essa possibilidade, mesmo sem sujeito de terno no gramado, sem invasão. Foi o vídeo e pronto, e o Vasco foi beneficiado, e assim continua hoje o Brasileiro para a equipe vascaína, com um único senão no time escalado, que se chama Wagner, um desses falsos craques que só atrapalham, escolhido como titular quando há no elenco, para a posição, pelo menos quatro opções melhores, que são, pela ordem, Pikachu, Guilherme, Evander e Escudero.

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