Foto: Alexandre Loureiro
Três toques na bola com os braços abertos dentro da área, dois com o esquerdo, um com o direito, e o pênalti marcado a favor do Vasco, nos ambientes refrigerados onde ditam suas sentenças os especialistas, ex-jogadores e comentaristas da arbitragem, foi contestado. Um lance polêmico, diziam alguns, enquanto outros, com certeza absoluta, diziam não ter acontecido nada. Três toques na bola com os braços abertos dentro da área.
Passado o
êxtase panamenho, a despedida da Holanda de Robben e a confirmação da força argentina,
pra desgosto dos adeptos da rivalidade de publicidade, o futebol volta hoje ao que
interessa. O Vasco entra em campo pra pegar o Avaí na Ressacada, palco da
vitória “cala boca” da semifinal de 2011, deixando a torcida local quietinha
desde o início, assistindo. E cenário também,a Ressacada, do pênalti de pinball
feito pelo meia Marquinhos, do Avaí, no empate em 1 a 1 da arrancada final no
Brasileiro do 2015, quando a imprensa deu mais uma mostra do tratamento todo
especial, diferenciado, que reserva ao Vasco.
Leandrão
recebeu livre na esquerda, entrou na área e recebeu a marcação de Marquinhos,
que deu o carrinho com os braços abertos, pra trás. Leandrão tentou o drible, o
corte com a direita pro meio da área, mas a bola foi interceptada, primeiro,
pelo braço esquerdo de Marquinhos, que raspou nela, depois pelo braço direito
do marcador, que rebateu ela de volta no braço esquerdo. Três toques na bola com
os braços abertos dentro da área, dois com o esquerdo, um com o direito, e o
pênalti marcado a favor do Vasco, nos ambientes refrigerados onde ditam suas
sentenças os especialistas, ex-jogadores e comentaristas da arbitragem, foi
contestado. Um lance polêmico, diziam alguns, enquanto outros, com certeza
absoluta, diziam não ter acontecido nada. Três toques na bola com os braços
abertos dentro da área.
Os melhores momentos dessa partida mostram a anulação de um gol do Vasco quando o jogo
estava 0 a 0, sem que fique nem um pouco claro por que o gol foi anulado. E
seria um gol de Julio dos Santos, o único da trajetória do meia, centroavante,
volante e zagueiro paraguaio no Vasco. Caberia até processo, talvez, se as chances
de sucesso não fossem ínfimas na Justiça do local do acontecido, ainda mais
para um paraguaio, e a favor do Vasco. Houve também nesse jogo o pênalti de um
toque só no braço de Madson, que estava fora da área, pênalti que o Avaí
acabaria desperdiçando, e no fim da partida a “leitura” da mídia especializada
era de que a arbitragem tinha sido “polêmica”, prejudicando os dois lados,
isso, com relação a supostos benefícios ao Vasco, somente porque o juiz assinalou o pênalti de pinball,
dos três toques na bola com os braços abertos dentro da área.
Três toques
no braço. Na mesma jogada. E a mídia contestando, dizendo que não tinha sido
pênalti, como disse, aos brados revoltados na figura do comentarista de óculos,
já citada aqui num texto abaixo, que o Vasco havia sido beneficiado contra o
São Paulo naquele mesmo campeonato, quando sofreu o gol ilegal de empate, com
falta e impedimento no mesmo lance. Era o Brasileiro de 2015 e ali estava sendo
dado passo adiante no tratamento dispensado pela mídia esportiva ao Vasco, no
qual, além de passar a ser permitido, na visão deles, qualquer toque de mão dos
adversários do time dentro da área, não bastavam mais os seguidos erros contra a
equipe vascaína, uns nem falados, outros registrados, porque era impossível não
o serem, mas logo esquecidos. Agora o Vasco é prejudicado e a mídia, além de
disfarçar, trata de reverter a situação, e sem o menor receio do ridículo,
acreditando mesmo, no isolamento das redações onde todos sorriem e se elogiam,
que qualquer coisa que diga vira verdade.
Houve o
erro crasso do gol do braço do Jô, mais um ponto escandalosamente tirado do
Vasco, no apito, e um jornal do Rio, na semana do ocorrido, tratou de destacar
um tal levantamento da CBF sem nada contestar, claro, pra dizer que o Vasco, na
verdade vinha sendo beneficiado pelas arbitragens. Não havia no relatório o
pênalti em Pikachu contra o Palmeiras, na primeira rodada, nem a mão de Éverton
Ribeiro contra o Flamengo nem o rapa por trás que Nenê recebeu na área do
Atlético Goianiense, tudo normal, do jogo, no entender da CBF que, pra dizer
que o Vasco estava sendo beneficiado, destacou dois jogadores que deveriam ter
sido expulsos quando receberam o amarelo, lances nitidamente de interpretação.
E como prova cabal, irrefutável, dos benefícios ao Vasco, o relatório da CBF
que o jornal engole mastigadinho, sem questionar, cita o gol de Caio Monteiro
marcado a dois, três minutos do fim do jogo que o Botafogo vencia por 3 a 0. A
irregularidade do lance, segundo a CBF? Um tranco de Luis Fabiano no marcador
antes de dar o passe pra Caio Monteiro, tranco que em 2009, se fosse dado por
Adriano, não provocaria nada além de comentários na mídia sobre o quanto o
Imperador era forte.
E na rodada
seguinte ao gol do braço do Jô, Anderson Martins interceptou com o peito o
cruzamento de um jogador do Sport, na Ilha do Retiro, tendo o braço fazendo um
xis com a faixa das costas de sua camisa, de tanto que estava atrás do corpo. E
o juiz marcou o pênalti. O bandeirinha avisou que não tinha sido e o juiz
voltou atrás na marcação. Não houve entrada em campo de ninguém de terno, pra
falar alguma coisa no ouvido do juiz, como no Fla x Flu de 2016, o lance foi
decidido no campo, entre a equipe de arbitragem, mas mesmo assim a mídia
especializada cravou com certeza absoluta, convicta, que tinha sido o vídeo e
que, portanto, o Vasco, que teria um pênalti marcado contra ele por um toque
inexistente de braço, no jogo seguinte à derrota com o gol do braço do Jô, o
Vasco então foi beneficiado porque o pênalti não foi marcado.
O
bandeirinha ainda estava vendo o Anderson Martins de costas, pode muito bem ter
notado, àquela distância, o xis às costas do zagueiro, do cruzamento da faixa
preta com a pele clara de seu braço, mas ninguém nem cogitou essa
possibilidade, mesmo sem sujeito de terno no gramado, sem invasão. Foi o vídeo
e pronto, e o Vasco foi beneficiado, e assim continua hoje o Brasileiro para a
equipe vascaína, com um único senão no time escalado, que se chama Wagner, um
desses falsos craques que só atrapalham, escolhido como titular quando há no
elenco, para a posição, pelo menos quatro opções melhores, que são, pela ordem,
Pikachu, Guilherme, Evander e Escudero.